Friday, November 22, 2013

Sobre um poema de Mário de Sá Carneiro

Os domingos de Paris
para mim são a família
e só me digo feliz
quando despeço a mobília

da casa que se desfez
e volto à vida refeita,
uma vez e outra vez,
dizendo adeus à maleita

de aqui me fingir feliz
só por ter  tido o acaso
de vir parar a Paris.

Os domingos de Paris,
qual beleza no ocaso,
são o que deles se diz.

6 comments:

  1. Caro Alcipe
    Creio que a 'velha senhora' exorbita ao armar-se em crítica de poesia, mas a amizade de sempre com esta minha velha amiga e o respeito que tenho pela sua avançada idade não me permitem censurá-la:

    eu pobre rimalhadeira
    poetisa nunca quis
    nem fingir ser mas no caso
    diria desta maneira:

    "de me fingir tão feliz
    só por ter tido o acaso"

    que me desculpe o autor
    grã poeta consagrado
    dispersou-se aí amor
    co'o mário de braço dado?

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  2. A 'velha senhora' da-lhe toda a razão:

    meu 'tão' não não se acomoda
    'aqui' é muito melhor
    alcipe sabe da poda
    eu velha soube de amor

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  3. A 'velha senhora' parece que acordou desesperada. Acaba de me ditar ao telefone:

    eu velha soube de amor
    e ainda sei com quem for
    ele há mais rimas em -oda
    roda boda moda f***
    venha-me alguém por favor
    que se eu gostar me dou toda

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  4. esse é portanto o ritmo do diplomata, o nomadismo de andar com a casa desfeita e refeita de sitio para sitio, deixar paris onde são bons os domingos em familia, quanto ao ocaso os sentidos podem ser vários, o sentido geografico ou horário quase já não se usa, é pena, bela palavra, vemos o sol baixar, os figurados agora usam se mais, não interessa, os que lêem têm à sua escolha 9 sentidos, talvez mais, para a palavra; maleita é palavra pouco usada em poesia nestes dias, pois os domingos de paris são para mim os de jean dezert, os de maupassant, os de prévert, tambem os que evoca o sonetilho, com ou sem nostalgias, não sei, etc etc

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