Monday, July 26, 2010

Saturday, July 24, 2010

In my end is my beginning (T S Eliot)

Home is where one starts from. As we grow older
The world becomes stranger, the pattern more complicated
Of dead and living. Not the intense moment
Isolated, with no before and after,
But a lifetime burning in every moment
And not the lifetime of one man only
But of old stones that cannot be deciphered.
There is a time for the evening under starlight,
A time for the evening under lamplight
(The evening with the photograph album).
Love is most nearly itself
When here and now cease to matter.
Old men ought to be explorers
Here or there does not matter
We must be still and still moving
Into another intensity
For a further union, a deeper communion
Through the dark cold and the empty desolation,
The wave cry, the wind cry, the vast waters
Of the petrel and the porpoise. In my end is my beginning.

T S Eliot , "East Coker", "Four Quartets"

Tuesday, July 20, 2010

In my end is my beginning

Este blog tem crescido como uma resposta de quem o escreve à Índia em que vive : mas assim como em todas as viagens nós acabamos por voltar sempre ao ponto de partida (que somos nós próprios),assim, mais do que falar da Índia, este blog tem vindo a falar de quem olha antes do que é olhado.

Com o passar do tempo, apareceu dentro dele o que poderá vir a ser um livro de poemas... mas, como em toda a poesia, a Índia será nele um pretexto, um ponto de partida para uma coisa de que uns gostam e outros não, mas que é só coisa de poesia.

"In my end is my beginning" (T.S. Eliot)

Thursday, July 15, 2010

Lendo sobre castas

Claro que, por menos que se dê por elas no quotidiano da grandes cidades e por mais que sejam alheias ao discurso dos nossos amigos das classes média e alta de expressão inglesa, elas existem, mesmo banidas pela Constituição, e ganham hoje maior dimensão no espaço público até, com a força política que têm conquistado nos últimos anos através dos "partidos de castas" e também através das quotas resultantes das complexas discriminações positivas em vigor nas escolas, universidades e concursos para a função pública...

Uma observação de Dipankar Gupta (autor que já aqui antes citei) fez-me pensar : ao contrário do que sustenta Louis Dumont e a sua escola, as castas inferiores não aceitam interiormente o seu baixo lugar na hierarquia como necessariamente impuro pela força do karma - e se muitos, é certo, lutam e lutaram contra o seu estatuto inferior (Ambedkar, Lohia, etc, mas podemos também pensar no budismo, no jainismo, no sikhismo, todos anti-castas), há outros de casta inferior que simplesmente denegam: consideram a sua casta, ela sim, como superior. Eles é que são superiores aos outros...

Claro que isto é diferente conforme a casta de que se trate - e é particularmente gravoso no caso dos dálits - mas não deixa de nos fazer pensar...

É que como diz Gupta, a sociedade hierárquica indiana é uma manifestação peculiar e religiosamente codificada da geral necessidade humana de hierarquia e distinção - não uma exclusiva aberração civilizacional. O que não quer dizer que não se deva lutar contra ela - do mesmo modo que lutamos contra as nossas próprias mazelas sociais.

(Reflexões de um ignorante)

PS É curioso que venha de um autor goês (Kosambi) a reflexão marxista mais interessante sobre a questão das castas, que o marxismo vulgar nunca soube analisar...

Friday, July 9, 2010

Os anos 60

Os poetas da minha juventude
confundem-se com as suaves e ariscas raparigas
que namorávamos nos bailes e cinemas mais escuros
e cada verso que lembro
é um acto de amor que ficou por praticar.

Trabalho hoje o poema sem um sorriso de mágoa,
escrevo para ti ou viro-me de costas para o mundo,
porque tudo mudou.

A memória nada é sem este puro imaginar:
transforma-se o amador no seu próprio vazio
junto da coisa amada.

Thursday, July 8, 2010

Também não deixa de ser verdade...

"Se puede privatizar o no, pero no estar a los dos lados del río", dice un experto

(do EL PAIS de hoje, ainda)

Todos com os holandeses!

No EL PAIS de hoje:

Ahora bien, tampoco es muy decoroso, como recuerdan los expertos, que nuestros empresarios y políticos se cuelguen ahora la medalla de la defensa del libre mercado. España también ha sido protagonista de maniobras intervencionistas. "No podemos jugar a ser los reyes del juego limpio. España se resistió en su momento a suprimir la acción de oro, se ha retocado la legislación del mercado eléctrico...", recuerda Jordi Fabregat.

El Gobierno español derogó la acción de oro en 2005, diez años después de su entrada en vigor con la Ley de Privatizaciones. La decisión llegó tras un largo pulso con la Comisión Europea. Desde 1998 Bruselas reclamaba a nuestro país la supresión de este blindaje. El Gobierno español nunca llegó a utilizar la golden share, pero la posibilidad de hacerlo bastó para frustrar la fusión de Telefónica con KPN, donde el Estado holandés tenía el 43% de las acciones, en 2000.

Además, cuando España no ha contado con la acción de oro, se ha valido de otros instrumentos. Rodrigo Rato, ministro de Economía con el PP, vetó en mayo de 2001 la compra de Hidrocantábrico por parte de la alemana EnBW y la portuguesa EDP. Para ello recurrió a una disposición adicional de la Ley de Presupuestos de 2000, que fijaba que cuando una empresa con capital público entraba en el capital de una empresa energética española, sus derechos políticos se limitaban al 3%. En el caso de la opa de E.On sobre Endesa, el entonces ministro de Industria, el socialista José Montilla, reforzó las competencias de la Comisión Nacional de la Energía para que pudiera analizar la operación bajo el prisma de la denominada Función 14. Bruselas se pronunció en contra de esta maniobra. Otra situación de blindaje, esta aún en vigor, se da en el gestor bursátil Español, BME: toda adquisición de acciones superior al 1% del capital debe contar con el visto bueno de la Comisión Nacional de Mercado de Valores (CNMV).

Tuesday, July 6, 2010

Poema da quarta monção

Com a monção chegou este sentimento
de que há muito eu sei:
não tenho lugar. Se eu fosse poeta diria antes:
tenho todos os lugares do mundo!
Ou, mais simplesmente:
eu não sou eu nem outro,
eu simplesmente não sou. Eu sou tudo o que me atravessa e transforma,
tudo o que amo e tudo que
(mesmo inexplicavelmente)
de repente passo a odiar.
E esgueiro-me sempre nos desvãos
de entre ser e não ser.

Bom, está bem, não serei um verdadeiro poeta:
sou uma nostalgia sem objecto, uma saudade por aplicar,
um investimento perdido
para o mercado dos capitais poéticos.
Estou muito velho para não ter qualidades
e sou ainda novo para me imolar pelo fogo.
Deixem-me ficar por aqui
entre a chuva e a lama das estradas,
que aqui vão crescendo com a monção.

Sunday, July 4, 2010

O escritor e a perda do seu capital simbólico

Nós, escritores, neste momento não temos quase peso nenhum. Talvez estejamos a perceber que os jornalistas tomaram esse papel porque sabem aquilo que nós não sabemos. Eles têm acesso a uma informação com mais elementos e nós estamos a ser ultrapassados pelas situações. Retraímo-nos, porque é muito fácil estarmos enganados. Pela nossa própria natureza de trabalho, precisamos de fazer uma transfiguração da realidade que exige um silêncio e um afastamento do mundo e, por vezes, ficamos embrulhados em utopias que nos impedem de responder a questões de informação imediata.

Com esse comportamento vão perder o seu lugar nas elites culturais?

Têm-no perdido, ultimamente. Se os escritores se encontram numa mesa em que há um jurista, um médico, um jornalista e um professor universitário, é natural que a opinião do escritor não apareça. Não é por desconsideração, é por desconfiança de que é um lírico e não tem resposta adequada.

(entrevista de Lídia Jorge ao "DN" de hoje)

Saturday, July 3, 2010

Transformações do maoísmo

Com a decisão tomada pelo Partido Comunista Chinês de tornar obrigatória a aprovação pelas suas estruturas dirigentes de todas as reincarnações do Buda nos lamas tibetanos (incluindo o Dalai Lama), a teoria marxista-leninista deu um passo de gigante.

A partir do momento em que o marxismo se tornou decisivo na questão delicada das reincarnações de Buda, outras áreas de inquietação estão abertas ao pensamento comunista : a Imaculada Conceição de Maria ; a Santíssima Trindade; o regresso do profeta Ali; o local onde nasceu o deus Rama - um novo mundo de problemas para o socialismo científico!

O Partido Comunista Chinês invoca como precedente que já os imperadores Qing tiveram esse privilégio quanto às reincarnações de Buda - também os Reis de Portugal Fidelíssimo aprovavam a nomeação dos Bispos pelo Papa, pelo que os comunistas esperam legitimamente conhecer as posições do Senhor Presidente da República sobre a composição da Conferência Episcopal Portuguesa!

Friday, July 2, 2010

Miguel de Vasconcelos, Cristóvão de Moura...

... também exprimiam a racionalidade económica e o sentido pragmático dos interesses em causa.

"Um conde que cora ao ser condecorado" (O'Neill)

Verso do dia.

Thursday, July 1, 2010