Tuesday, March 30, 2010

"Não te metas na vida dos outros, se não queres lá ficar"

O que eu quis dizer quando invoquei esta citação de Almada Negreiros a propósito da nossa relação de portugueses com Goa não foi de modo algum que devêssemos esquecer Goa : quis apenas dizer que não nos podemos esquecer que os goeses são outros em relação a nós . E felizmente que assim é, porque a amizade faz-se entre pessoas (pessoas, não comunidades imaginadas!) diferentes naquilo que são, comuns naquilo que partilham e iguais naquilo a que têm direito!


Quando não se respeita essa alteridade, cai-se numa promiscuidade de identificação elegíaca ou num ruminado ressentimento, digno da "moral dos escravos" (velho Nietzsche!) , que, ambos, têm de ser resolutamente esquecidos.


Não quero esquecer Goa : quero simplesmente dizer que não tenho que responder pelos sofrimentos identitários dos meus amigos goeses. As tragédias entre nós já aconteceram há muitos séculos e um judeu alemão do século XIX que eu muito admiro dizia que na História repetir as tragédias redunda sempre em farsas!


Dixi et salvavi animam meam.

Ironias e cansaços

A curiosidade deixa-se embaçar. Sei que algum cansaço pode transparecer das minhas palavras - volto-me para dentro, para tudo o que não resolvi comigo próprio, bem contra o programa aqui definido de me virar para o movimento do mundo e de fugir dos mitos da "vida interior"...

Talvez uma irritação crescente com os temas identitários/comunitários e toda essa xaropada de autenticidades e identidades de olhos em alvo me tenha feito voltar ao jardim das recordações pessoais - para descobrir plantas daninhas e pragas por curar...

A Índia não tem culpa disso - porque a Índia é um grande revelador de nós próprios. Alguns indianos doentes com a sua identidade provocaram em mim irritação e impaciência. Mas a grandeza está ali fora, ao alcance dos meus olhos : e o sofrimento identitário dessas criaturas (por muito encenado que possa ser) merece também ser tido em consideração. Como uma realidade mais.

Como um facto da vida.

Monday, March 29, 2010

Memento mori


Death is not in life

(Wittgenstein)

Eu vi morrer três pessoas:
a uma acompanhei até ao fim,
no que seria talvez o que lhe restava de vida
ou porventura o que lhe sobrava de morte;
outra morreu quando eu dormia,
longe do hospital:
e tive que atravessar pela madrugada
uma cidade estrangeira
para chegar à sua morte;
e meu Pai, enquanto eu ia
comprar-lhe uma garrafa de oxigénio,
que nunca soube a quem serviu depois.

Nós nunca vemos ninguém morrer,
porque morrer é por dentro de cada um,
como talvez tudo o que tenha algum sentido,
como talvez o amor.

O que verdadeiramente importa
é opaco ao nosso olhar
e cada prova que vivemos
é só e única:
morrer ou ver morrer
e o amor também.

Saturday, March 27, 2010

Mother India


Nada sei de ti,
dos múltiplos tus em que te desdobras,
em que sobrevives e renasces
cada dia.


E não saber é a minha única força
face a ti.

Friday, March 26, 2010

Oliveira da Figueira : o Português no Mundo...

Estamos todos de parabéns...

Tintin Some time ago, we created a poll, asking you, the fans, which is your favourite Tintin album. After almost a thousand votes, it's time for some results! The clear winner is the wonderful "Tintin in Tibet", which was Hergé's favourite album.

Wednesday, March 24, 2010

Democracia e Nação


"Uma nação é um referendo permanente"

(Renan)

Identidades : fed up!



A constante angústia dos goeses (1 milhão num país de mil milhões) com a possível perda da sua identidade; o livro pedante de Pavan Varma, clamando pela preservação da identidade cultural da Índia neste mundo perversamente globalizado... Huntington, volta, estás perdoado!

Nunca houve identidades nacionais, culturais ou étnicas que permanecessem fixas e imutáveis na sua essência, a não ser nas cabecinhas alemãs dos senhores Herder, Spengler, Keyserling e outros mestres alemães menos recomendáveis... Até os estudos de DNA mostraram que quando os arianos invadiram a Índia já estavam geneticamente misturados!

As identidades mudam e transformam-se constantemente e as pátrias são puras escolhas políticas, como dizia o velho Renan e nos confirma Mattoso, para o nosso caso português, em Identificação de um País.

As crises identitárias são próprias dos homens do ressentimento...


Saturday, March 20, 2010

Os emergentes e os submergentes

Dizem que os asiáticos são arrogantes e estão convencidos que nos enterram com esta crise. Bom, acabo de ler um artigo brasileiro que vai no mesmo sentido : os caras acham que vão acabar por se tornar dentro da relação de forças mundial tão fortes como já são no futebol!

Uma Europa sem rumo e uma América hesitante estão a dar ilusões perigosas (para eles próprios) a estes simpáticos emergentes. Um ministro indiano dizia "se há nações emergentes, também há nações submergentes". Somos nós, a Europa.

E somos nós, europeus, os culpados deste estado de coisas : não só os PIGS ou os GYPSYS, como nos chamam agora, mas sobretudo países como a Alemanha, que acham que não é nada com eles, porque são luteranos e seguem apenas os ditames da sua consciência. Os autistas do Mundo...

Os Estados Unidos serão por muito tempo a maior força militar a nível mundial, por muitos problemas que tenham ou possam vir a ter. Onde eu vejo declínio e indecisão é na Europa. Onde eu vejo determinação, calma e estratégia fria é na China.

A Índia pode ser arrogante no coração, mas é sempre discreta e prudente na acção. O Brasil que guarde o seu entusiasmo para a Copa e continue a trabalhar bem, que tem ganho muito, muito mesmo, em termos de posicionamento internacional : não precisa de fazer mais espalhafato...

Só me atrevo a dizer isto pela profunda amizade que tenho pelo Brasil (e sobretudo pelos brasileiros, porque, como disse, não há afectos por nações, só há afectos por pessoas)!

Friday, March 19, 2010

Violação consentida

Foi num dos primeiros encontros que tive na Índia. Câmara do Comércio de Bombaim, casa cheia.
A certa altura levanta-se um senhor exaltado que pergunta como ousam os portugueses vir fazer negócios com a Índia, depois dos crimes, massacres, perseguições e opressões que tinham exercido sobre o martirizado povo de Goa .
Respondi-lhe perguntando como justificava ele então o volume de negócios que a Índia mantinha com o Reino Unido.
Abrindo um sorriso de gozo profundamente libidinal, retorquiu-me o senhor : "O meu caro embaixador nunca ouviu falar em violações consentidas?"

Bangalore

Bangalore foi uma surpresa : um ambiente cultural cosmopolita e aberto, o gosto indiano pela discussão sem limites, gente interessante e interessada.

Ainda bem que aceitei vir ao "Encontro Cultural Indo - Português", promovido pelo Instituto Camões de Goa, com o José Luís Peixoto, duas exposições de cartazes e a nossa fadista goesa... É o que podemos oferecer! Mas a conversa tem valido a pena (o papo está bom, como dizem os brasileiros). Escritores, antigos embaixadores, pintores, músicos... De Karnataka, de Bombaim, do Gujarate. E os goeses, sempre uma presença amiga e solidária, sobretudo fora de Goa...

É bom encontrar estes goeses e ouvir o gosto com que falam português! Respeito-os e estimo-os profundamente. Só não quero, como nunca quis, ficar na vida deles...

Wednesday, March 17, 2010

Esquecer a Índia



É muito difícil esquecer a Índia : ela transformou-nos sem nos ensinar, deu-nos uma nova dimensão das coisas sem nos preparar. Tudo aqui foi abrupto e contingente.

Aprendo cada dia o melhor e o pior do ser humano aqui na Índia. A grandeza da humanidade passa também pela sua barbárie, miséria e derisão. Nós caminhamos radiosos sobre a nossa miséria (Hoelderlin).

E é toda a riqueza do mundo que passa agora por aqui, com o seu terrível cortejo de miséria atrás...


Tuesday, March 16, 2010

A propósito do "Toldo Vermelho" de J M Magalhães


Eu compreendo o movimento que leva alguém a querer destruir a sua obra : a obra é algo que ficou para trás de nós, que se tornou independente de nós, que se cola à nossa pessoa até ao âmago, sem nos deixar margem nem respiração...

Quem quer continuar a ser, tem que rejeitar todo o peso de uma obra que o amarra para sempre a uma identidade única.

Todos somos múltiplos ao nascer e únicos na morte, dizia Heidegger.

Alguns não querem tornar-se únicos. Alguns não querem morrer.

N.B. Quando digo que compreendo não quero dizer que propugno. Não me vejam a gritar: Poetas, destruam as vossas obras. Apenas gosto de compreender. E mais ainda aqueles com quem não simpatizo.

Monday, March 15, 2010

O que as boas almas nunca entenderão

"Toda a obra de civilização é ao mesmo tempo uma obra de barbárie"

(Walter Benjamin)

Reflexões intempestivas

Qual é o mecanismo da desilusão?

Lembram-se de "Un Amour de Swann": o protagonista pergunta-se como pôde passar anos da sua vida absorvido numa paixão extrema por "quelqu'un qui n'était même pas son genre"...

Só temos desilusões quando deixámos criar ilusões de afecto. Ora os afectos só existem entre pessoas singulares. Entre povos e colectividades em geral rege a máxima de ouro dos diplomatas : não há amigos, há interesses; não há inimigos permanentes, há situações objectivas e relações de forças.

Não há povos amigos nem povos inimigos (lembrar a boutade de Pavese, em 1940 : as mulheres são um povo inimigo, como o povo alemão). Pode haver povos irmãos ou primos, mas não povos amigos, só porque a família, ao contrário da amizade, não se escolhe.

Tudo o resto é contingência. A História é contingência.

Saturday, March 13, 2010

Escrito em Goa

Amar algo em geral é sempre um mau começo para a compreensão das coisas e dos seres!
Erico Veríssimo dizia, com carradas de razão : não amo povos, nem pátrias, nem terras : só amo pessoas, pessoas concretas e únicas!

As Caves do Vaticano

Artigo do eminente historiador goês, residente em Portugal, Teotónio de Souza, num jornal de Goa : propõe a criação de um Museu da Inquisição em Goa, para contrapôr ao Museu de Arte Sacra Indo - Portuguesa...

O que eu mais admiro na Igreja Católica é a sua profunda vontade de não deixar que sejam esquecidas as grandes instituições que historicamente criou.

Já a sua tradição medieval auto-flagelante, que persevera ainda hoje nos cilícios, confesso que me atrai menos...

Mas fala um pobre pecador!

Aditamento : O Professor Teotónio de Souza escreve-me a esclarecer que já não é padre.

Esse esclarecimento esvazia de facto a ironia contida neste comentário, que se liga com considerações atrás feitas neste blog sobre a culpabilidade colonial e o seu aproveitamento ideológico.

O autor deste blog foi membro em 1970 dos Comités de Luta Anti Colonial e defenderia sem reservas a criação de um Museu da Inquisição em Lisboa. Quanto a Goa, os goeses que decidam.



Regresso a Goa

Condecorar ontem Mário Miranda na sua casa de Loutulim foi uma honra e uma alegria rara e conto a amizade do Mário e da Habiba entre os mais caros privilégios que eu e a Margarida ganhámos na vida.

13/3/2010

Poema de Sophia de Mello Breyner Andresen

Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para enfrentarmos juntos o terror da morte

Para ver a verdade para perder o medo

Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo

Minha rápida noite meu silêncio

Minha pérola redonda e seu oriente

Meu espelho minha vida minha imagem

E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro

Sem os espelhos vi que estava nua

E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste

E aprendi a viver em pleno vento

Tuesday, March 9, 2010

Ainda Calcutá


Agora entendo porque amo Calcutá, cidade que nada faz para nos seduzir : gosto de Calcutá exactamente pelas mesmas razões por que Pavan Varma detesta Calcutá!

Calcutá é uma cidade indiana que se apropriou do legado ocidental, o trabalhou, entrosou e soube criar nessa síntese (com antagonismos, claro, estas coisas não são feitas de harmonia!) uma cultura rica e produtiva.

O bengali e o urdu são as duas grandes línguas literárias da Índia, as línguas de Tagore e de Ghalib: será duro para alguns hindus ouvir isto, mas é verdade...

Nalgumas coisa, Calcutá (tão diferente!) lembra-me Goa.

A Índia será múltipla ou não será. Compreendo que os inimigos da Índia não a queiram múltipla. Não compreendo esse leque ideológico que vai de Pavan Varma ao Hindutva...

Visita a uma escola


Visita a uma escola primária na periferia de Deli, onde algumas ONGs indianas apoiadas pela União Europeia festejam o Dia da Mulher.

As crianças desenharam algumas figuras da opressão das mulheres e não esqueceram o sati (suicídio ritual das viúvas na pira funerária do marido).

Uma criança explica-me que ainda é preciso lutar contra o sati (abolido e proibido desde o século XIX), porque in some villages inside our country, sir, have you read recently in the papers...?

Lembro-me que a proibição do sati se deveu muito a homens como Raja Ramun Roy e aos seus companheiros do Brahmo Saj, os mesmos que Pavan Varma e Ashis Nandy acusam de terem desfigurado e ocidentalizado a Índia em benefício dos colonizadores...

Não digo que estes senhores pós-coloniais defendam o sati ou a excisão (em África). Não quero ser demagógico. Mas a gente tem tendência para ligar as coisas...


O jargão da autenticidade


Percorrer o último livro de Pavan Varma fez-me lembrar esta velha expressão, com que Adorno criticava Heidegger. Confesso que ao ler todas as suas profissões de fé anti-ocidentais, anti- língua inglesa e pró-autenticidade hindu (o que é?) me ocorreu, ainda menos piedosamente, a philosophie de l'authenticité africaine defendida pelo falecido Presidente Mobutu Sese Seko.

A identité française de Eric Besson provoca-me, aliás, exactamente a mesma reacção. Mas como dizia o poeta Couto Viana

sou avestruz,
sou ave bem educada!

e mais não digo, portanto.

(Pavan Varma, Becoming Indian, Delhi, 2010)

O regresso das caravelas, agora como farsa


Voltaremos a estas praias
num dia claro como a pedra de onde vimos,
voltaremos a estas praias
sem vos pedirmos desculpa
nem louvores.

Voltaremos a estas praias,
tão pobres como viemos daquela terra,
voltaremos a estas praias
só para continuarmos
uma conversa antiga.

A História repete-se, primeiro
como tragédia
e mais tarde como farsa.
Leram o vosso Marx?
Ou esse judeu era demasiado eurocêntrico
para vocês?

Sunday, March 7, 2010

Questão de método



O livro será feito na sua maior parte do que irá escrito neste blog... mas, como é evidente, a sua montagem, os andaimes, o cimento, as junturas, tudo isso será feito por fora, cá atrás, no back office.

Ouso invocar a protecção de Ganesha!

Lendas da Índia



A praia onde mandaram fundear os barcos de Vasco da Gama fica a uma dezena de quilómetros de Calicute e longe do lugar onde os ingleses mandaram edificar uma medonha pirâmide comemorativa. Segundo o historiador indiano que nos acompanhava, foi ao largo dessa praia que Gama esperou durante dias a resposta do Samorim ao seu pedido de audiência.

Na praia havia uma barraquinha de gelados e refrescos e meia dúzia de rapazes a apanhar mariscos. Uma mesquita a encimar o morro a recordar a continuação da História. Ninguém na praia. Algumas mulheres de véu, com crianças agarradas aos joelhos. E avançámos então por cima das rochas para ver a praia, deserta e branca, onde naquele tempo se cruzaram embarcações e se marcaram encontros.

Tive menos dificuldade em encontrar o descendente do Samorim, um suave aristocrata intelectual, dono de um colégio privado da melhor reputação. Com o bispo, o imã muçulmano e o deputado do Indian Congress Party, recordei o medo de Vasco da Gama de se acolher aqui em pousada alheia e a confusão que fez ao julgar ver igrejas cristãs nos templos hindus...

Começaram aqui as lendas da Índia. Este é, ou quer ser, apenas um livro de aprendizagem. Porque somos sempre aprendizes na Índia. Mas o que a Índia nos dá é tão somente tudo o que em nós estava adormecido ou esquecido e que ela nos soube fazer reencontrar. Se é certo que nunca entendi bem o que era ser português antes de viver no Brasil, ousaria hoje dizer (com alguma pretensão) que na Índia aprendi a entender mais o que é ser-se humano. E vem-me à memória um verso de Jorge de Sena : isto que é ser-se humano passo a passo mais.

Começam aqui as Lendas da Índia.


O soluço do homem branco...


É interessante que um marxista crítico como Slavoj Zizek retome a crítica feita em tempos por Pascal Bruckner contra a culpabilidade colonial da Europa.

Não se trata de reabilitar, justificar ou dourar o colonialismo : trata-se simplesmente de nos darmos conta que atribuir todos os males do Mundo à Europa (e os norte-americanos souberam utilizar em seu proveito esta culpabilidade europeia, como bem notou Perry Anderson) é apenas uma forma perversamente narcisista de ficcionarmos que a Europa continua a ser o centro do Mundo, ideia que há muito deixou de passar pela cabeça do resto do Mundo...

Nos stigmatisations bruyantes ne servent qu'à masquer cette blessure d'amour-propre: nous ne faisons plus la loi, como observava pertinentemente Bruckner (La Tyrannie de la pénitence : essai sur le masochisme occidental, 2006).

Sobre este assunto, vale a pena ler as muito estimulantes e pertinentes reflexões do goês Jason Keith Fernandes no seu blog dervishnotes.blogspot.com/.

Uma pedra no charco da nossa boa consciência colonial e anti-colonial (vejo-as como duas faces da mesma moeda) foi o livro de Isabela Figueiredo, que aqui já mencionei.

Continuo a considerar o nosso grande livro pós colonial O Esplendor de Portugal de António Lobo Antunes...


Saturday, March 6, 2010

Profilaxias : Regra de Jogo Nº 1



"Par conséquent, une des façons de pratiquer la critique de l'idéologie est d'inventer des stratégies pour démasquer cette hypocrisie de la "vie intérieure" et des émotions "sincères" qui y sont attachées. L'expérience que nous avons de nos vies à partir du dedans, l'histoire que nous nous racontons sur nous mêmes afin de rendre compte de ce que nous faisons, est donc un mensonge - la vérité se situe plutôt au dehors, dans ce que nous faisons."

Slavoj Zizek, Après la Tragédie la Farce ou comment l'Histoire se répète, Flammarion, 2010

(ou se preferirem, First As Tragedy, Than As Farce, Verso, 2009)

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Essayer encore. Rater encore. Rater mieux.

Samuel Beckett, Cap au pire

Friday, March 5, 2010

Michael Foot (1913 - 2010)

" Men of power have no time for read, yet the men who do not read are unfit for power"

Wednesday, March 3, 2010

A religião do meu tempo



Sim, meus caros, é mágoa, é desalento
e se uma leitora ao menos der por isso,
vale a pena a gente fingir
o que deveras sente.

Os toldos vermelhos fecharam-se nas praias.
Faltam homens sem qualidades.
Já todos nós entendemos
que acabou um tempo.

Acabou o seu tempo,
dizia-me o psicanalista, lá nos anos 70,
a acordar num bocejo e a olhar para o relógio.


Tuesday, March 2, 2010

Tirei da gaveta o Ezra Pound...



Porque só permanecerá aquilo que amaste
e o resto é escória,
de mim nada pergunto nem escondo.
É só em ti e nos seres e nos lugares que amei
que poderei alguma vez saber
o que quis dizer passar por aqui.