Qual é o mecanismo da desilusão?
Lembram-se de "Un Amour de Swann": o protagonista pergunta-se como pôde passar anos da sua vida absorvido numa paixão extrema por "quelqu'un qui n'était même pas son genre"...
Só temos desilusões quando deixámos criar ilusões de afecto. Ora os afectos só existem entre pessoas singulares. Entre povos e colectividades em geral rege a máxima de ouro dos diplomatas : não há amigos, há interesses; não há inimigos permanentes, há situações objectivas e relações de forças.
Não há povos amigos nem povos inimigos (lembrar a boutade de Pavese, em 1940 : as mulheres são um povo inimigo, como o povo alemão). Pode haver povos irmãos ou primos, mas não povos amigos, só porque a família, ao contrário da amizade, não se escolhe.
Tudo o resto é contingência. A História é contingência.
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