Nós, escritores, neste momento não temos quase peso nenhum. Talvez estejamos a perceber que os jornalistas tomaram esse papel porque sabem aquilo que nós não sabemos. Eles têm acesso a uma informação com mais elementos e nós estamos a ser ultrapassados pelas situações. Retraímo-nos, porque é muito fácil estarmos enganados. Pela nossa própria natureza de trabalho, precisamos de fazer uma transfiguração da realidade que exige um silêncio e um afastamento do mundo e, por vezes, ficamos embrulhados em utopias que nos impedem de responder a questões de informação imediata.
Com esse comportamento vão perder o seu lugar nas elites culturais?
Têm-no perdido, ultimamente. Se os escritores se encontram numa mesa em que há um jurista, um médico, um jornalista e um professor universitário, é natural que a opinião do escritor não apareça. Não é por desconsideração, é por desconfiança de que é um lírico e não tem resposta adequada.
(entrevista de Lídia Jorge ao "DN" de hoje)
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