Monday, November 11, 2013

Sobre as noites de Lisboa canta o poeta de Sintra

SEXTA À NOITE Na "DOIS" DO PROCÓPIO


Vejo perpassar p'lo olhar tristonho
dos únicos dois Luíses ali presentes
a saudade de um tempo mais risonho,
de risos, de brilho, de repentes.

Construíam-se radiosas utopias,
e, logo, por caducas se afastavam.
Por vezes, floresciam poesias,
amores aqui e ali despontavam.

"Nunca mais, nunca mais, oh mocidade,
voltou a Dois à sua glória passada!
Matou-a o reumatismo e a idade..."
Uma lágrima rolou p'la face enrugada

Do Luís que esperava ter na tosta
uma certa Idade d'Ouro reposta.


ANTÓNIO RUSSO DIAS

2 comments:

  1. Como diria um filósofo a inexorabilidade do tempo é fatal. Mata todas as utopias e deixa às palavras a única esgrima ainda possível...

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  2. Lamentos da 'velha senhora':

    ai meninos meus da dois,
    quem vos viu e quem vos vê!
    buliçosos, respondentes,
    cheios de fé e café:

    foi outrora. agora, pois,
    não vos tendes quase em pé,
    dais à língua, ó impotentes,
    e, pra mim, nem capilé…

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