Tuesday, November 5, 2013

Demonstração do poder mágico da poesia

Sozinho em casa espero o artesão
e já o meu futuro antevejo:
gerir o funcionar da solidão
num festim de avarias beira-Tejo...

Não me traz mais consolos a memória
do que a pura alegria que me deu
reviver sem remorso a minha história
- mas onde raio o gajo se meteu?

Recomeço o soneto, mas a hora
de o canalizador aparecer
dilui-se na poesia que desiste

de tornar em palavras bem de agora
a raiva que me faz permanecer
junto a um cano roto que resiste. *

* e ao terminar este soneto, telefonou o canalizador!





2 comments:

  1. pode nem ser solidão nem um festim de avarias, onde raio o gajo se meteu, é evidente que o artesão não chega e demora, mas é deixar assim, para canos roptos é fechar o contador e sair para a rua, afinal um soneto tambem se faz ao ar livre, mas sem duvida que um cano furado é irritante, etc etc

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  2. E o cano roto pingava
    e patricio branco folgava,
    desligado o contador,
    solto, livre como a ave
    branco seguia o andor
    com passo lento, suave.
    Podia a casa ficar
    inundada até ao topo!
    Patrício ledo seguia
    animado pelo sopro
    do vento que além bulia
    e o fazia seguir,
    esquecer canalizador
    e brandamente a sorrir
    repetir "andor, andor".

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