O meu amigo diz-me "não somos um povo de marinheiros,
somos um povo de camponeses
a quem saiu a sorte grande com o petróleo".
E, no entanto, tudo aqui nos chama para o mar,
mas um mar terrível, de sombras e desejos escondidos,
um mar que Ibsen levou para este Teatro Nacional,
situado bem entre o Palácio Real e o Parlamento,
como a dividir os poderes na grande avenida central,
edifício banal na sua arquitectura,
tão século XIX no seu fim, tão glória da burguesia ascendente
num Estado recém-nascido!
Ninguém fala de Hamsun, o maldito, mas a fome
nunca fez esta gente perder-se o respeito:
nem os alemães os conseguiram convencer
a trocar a morte pela vida,
o Navio Fantasma pela paz na terra,
o Quisling pelo seu rei.
Nós também somos um povo de camponeses
convencidos que fomos marinheiros.
Mas as nossas ilusões foram sempre maiores, ai,
do que o nosso respeito por nós próprios.
E tu, Noruega?
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