Friday, March 1, 2013

Mensagem

Este poema interrompido
ficou escrito num guardanapo de papel
do café em que todos no encontrávamos
para falar da Revolução.
Ao arrumar livros, caiu-me hoje o poema nas mãos
e refez-se por um momento a máquina do mundo,
neste eixo de quarenta anos.   

15 comments:

  1. sim, por vezes dos livros arrumados nas estantes caem papeis inesperados que lá metêmos há anos e que julgávamos perdidos ou de que nos esquecêmos. assim, uma carta de alguem a anunciar-nos uma triste noticia, ou um apontamento, ou um poema do tempo de falar da revolução, não interessa, era deduz-se o livro que estava a ser lido no momento de então, e normalmente esses papeis assim continuam no livro que os acolheu.

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  2. Meu caro Alcipe sinto aí uma mistura de nostalgia e amargura.
    Se assim for, creia que o compreendo. O meu inabalável optimismo vem sofrendo rudes golpes!

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  3. Lúcida (ainda), a velha senhora parece não ter ilusões acerca das suas rimalhices, coitada:

    eu e meu poema
    meu poema e eu
    que ninguém nos tema
    não somos problema

    meu poema é rima
    sopram-lhe de cima
    desapareceu
    e a velha morreu

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  4. Oh camarada Senhora Dona Velha, nada de morrer agora, se faz favor. Isto vai aquecer....

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  5. A Velha Senhora tinha tomado Alvarinho para Senhoras e julgou que estava a encontrar o Alvarito da Economia. Com a idade acontece...

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  6. "levantado do chão" o teu poema
    ganha asas de triste actualidade
    que cada maré de hoje seja um tsunami
    de coragem e de grito à liberdade

    A razão há-de ter de novo força
    antes que seja demasiado tarde...

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  7. Senhor Embaixador Poeta se me permite
    dedicado à nossa velha Senhora

    Oh querida amiga

    Dos sindromes de abstinência
    e dos sonhos de outrora
    reinventam-se da pertinência
    renasceres sem demora

    mesmo em ressacas pungentes
    mortas por um lusco fusco
    acordam de marasmos dormentes
    coragens depois do susto

    Além disso a contraceção
    jaz no planeamento familiar
    nas liberdades sem omissão
    para a mulher se recuperar

    Ingerir uma pilula de prazer
    alvarinho pudim o que lhe aprouver
    convém na diferença de género
    uma satisfação do eterno ao efémero

    Daí que ...
    só...
    não lhe é permitido morrer
    sem a promessa de logo,
    revitalizada renascer.

    Abraço
    Isabel

    Transmontana. Pedra bolideira resistente a maduros carrascões.

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  8. Não se cala a velha senhora! Diz que se solidariza com Era uma vez, que agradece a simpatia da 'minha Isabelinha' e que:

    mas que porra é esta?
    digo solipsismos
    de poesia autista
    e logo contesta
    ele o grande artista
    com lapalacismos:
    nada de morrer
    agora é viver
    que vai aquecer

    digo rimalhice
    (de 'artista' pequena
    de velha com telha)
    soprável - lá disse:
    vem-me a grande helena
    chamar velha a velha
    juntar-me ao alvarito
    não não é bonito
    digo eu e repito

    pra rimas já dei
    hoje há é ação
    manifestação
    eu lá estarei
    a grei contra a 'lei'
    connosco os verei?
    hei??? hei!!!

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  9. Monday, October 22, 2012
    Poema interrompido (a memória de M.A.Pina)

    Se desta noite o nada nos sobrar,
    que diremos da voz que em nós calou
    e fez dos nossos gestos um esgar
    que a vergonha não viu e não poupou?

    Calemos desde já nossos poemas.
    A verdade aparece devagar
    e não liga a metáforas ou temas,
    só nos resta a imagem mais vulgar.

    Foi esta noite e o nada que nos fez.
    Interrompo o poema desta vez.

    Posted by Alcipe at 11:58 PM
    In Tim Tim no Tibete

    Lembrei-me deste poema, que também gostei muito.
    Pertinente o poema de Era Uma Vez, além de bonito.

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  10. C'est un vrai régal de venir au Tibete!

    Vive la poésie!
    Vive les femmes!
    Vive la révolution!

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  11. Errata
    Errei ao transcrever o que me ditou a velha senhora às 2:17 PM.
    Na sexta lnha, leia-se 'lapalissismos' (de Monsieur de La Palisse) e não 'lapalacismos'.

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  12. O poema de Era uma Vez já me levou às lágrimas e fez-me sair de casa.
    Bem gostava de o escrever num cartaz.Merecia ser lido e filmado.

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  13. Encantada com os poetas
    Daqui e da revolução.
    E mais ainda com os portugueses
    Que aguentam os patetas
    Que nos governam, às vezes.
    Sem senso nem razão
    E nos roubam o pão!

    É deste povo que me orgulho.
    Não da Europa que nos esfola.
    Nem da Merkel que nos engana
    Nem da América de Obama.
    Gosto é de Portugal
    Meu país, minha terra,
    Minha gente afinal.
    Vão-se estes, venham outros
    Para aliviar nosso mal!

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  14. Bem senhor Embaixador o que o seu poema interrompido faz florescer a inspiração para poemas completos de liberdade...

    "caiu-me hoje o poema nas mãos
    e refez-se por um momento a máquina do mundo,
    neste eixo de quarenta anos. "

    Sublime o alerta...

    Subscrevo também a nossa Sábia HSC.

    E deixaremos a marca da liberdade
    numa alma com sino como despertador
    que nos acorde sem dó nem piedade
    como a fome e a sede quando têm dor

    E deixaremos a marca da liberdade
    equitativa no seu espirito de missão
    em abono da única plausivel verdade
    que nos une no elo mais forte do cordão

    e deixaremos a marca da liberdade
    aos nossos filhos com o nosso exemplo
    de firmeza contra a austeridade
    e contra quem lhes quer usurpar o tempo

    E deixaremos a marca da liberdade
    mesmo a despertar na clandestinidade...

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