"Quando eu tinha 18 anos, o Manuel de Freitas era uma pop star", diz, n"A Brasileira do Chiado, Ana Salomé, 30 anos. "Foi a minha influência. Ele e os poetas da Averno e da Telhados de Vidro escreviam sobre a vida de uma forma que parecia simples. Tinham uma forma de depurar a linguagem que é difícil de conseguir, mas parecia fácil. Tornava-os próximos, não como os velhos poetas, que parecem viver noutro mundo. Estes eram pessoas desde mundo. Faziam-nos sentir que também nós podíamos escrever".
Diogo Vaz Pinto tem hoje 27 anos. Na adolescência, idolatrava Manuel de Freitas. Com o amigo David Teles Pereira, de quem se tornaria parceiro em vários projectos literários, foi um dia ao funeral do designer Olímpio Ferreira, um dos fundadores da Averno, só para ver Manuel. Não para lhe falar, que a coragem não chegava para tanto. "Eu lia o Manel como uma religião", diz Diogo na Ler Devagar, em Lisboa, depois da apresentação de um livro da sua própria editora. "A sua poesia é excelente, muda a vida de uma pessoa. Depois ele era muito agressivo nos ensaios. E categórico". Essas características angariaram-lhe seguidores. "As pessoas seguiam o Manel, obedeciam-lhe. Naquela altura, se o Manel me mandasse ler qualquer coisa, eu ia a correr. Era um verdadeiro líder. Hoje, há falta deles".
joão miguel fernandes jorge, amigo do joaquim manuel magalhães, irmão do editor, é um dos bons, mas que dizer do tolentino mendonça, do vasco graça moura, do jaime borges, não, não me sirvam eugénio de andrade, não quero doces, quero salgados, nem antonio pina, ofereçam-me ana luisa amaral, pedro tamen, manuel alegre, tragam-me o velho rui belo, bem sei que o sr margarido fala dos recentíssimos, ainda ontem os vi incluidos no panorama da poesia 2012 a vender na fnac por 4€, vaz pinto estava lá, pois, falem-me talvez de gusmão, abram-me os livros de maria teresa horta, ah, na poesia erotica não há igual, e isto leva-me a natalia e a d m f.
ReplyDeleteincluir na estante castro mendes que nada terá a ver com o j m magalhães tambem tradutor de espanhois e critico literário, e prefaciador, não percebo porque há o antes e depois de jmm, afinal josé régio, vitorino nemésio e jorge de sena são sólidos, alegre é grande, não vou atrás no tempo, aqui não há biombos, de qualquer um dos 4 lados eles estão, jmm não é um biombo, nem uma porta, nem é por ele que se acerta a hora, mas é um respeitavel profissional, catedratico, andou muito pela rua da beneficencia, são carlos, lia simenon em inglês da penguin, gostava de manuel granjeio crespo (teatro), de mircea eliade (o bosque proibido), de elliot.
mas a poesia é o que é, um genero rebelde, vamos lá ter opiniões categóricas, nem pensar!
entre almada e pessoa quem quiser que escolha, por mim fico com o que tenho à mão, vou folhear de novo o panorama da fnac a 4 euros, ainda há alguns em chipre, a propósito a fnac vai fechar na grecia e em italia, saudações pois a j m magalhães e a quem mais passar...
Antes o Papa era o Joaquim Manuel Magalhães, agora o novo Papa é o Manuel de Freitas, que faz desmaiar meninas na Baixa e força alguns poetas (aliás interessantes, hélàs!) a correrem a meia maratona para não perderem os livros que Sua Santidade manda ler e até frequentarem funerais para o conseguirem encontrar em pessoa...
ReplyDeleteforça, vão atrás dele e tirem-lhe o chapeu, e obter um olhar do mestre é de ir imediatamente contar...
ReplyDeleteSinceramente Sr. Embaixador poeta, não é pelos poemas que Manuel de Freitas faz desmaiar meninas é pelo Fenótipo!...Pensei que tivesse percebido, MAS CLARO NÃO É MULHER...
ReplyDeleteAlém de interessantes as rememorações musicais de compositores de várias áreas que tornam óbvia e inteligente de objetiva a musicalidade do poema, da fácil apropriação do quotidiano por quem queira ou possa personalizar, do ritmo alternado dois passos atrás um à frente das alusões ao percurso do ciclo vital a preto e branco, nãoestá nada mal não senhor é a bem da verdade um estilo ...Gosto, mas não amo NEM ME PERCO.
Defendo que cada um coma do que goste. No caso vertente nunca será indigestão o meu mal.
ReplyDeleteOlhando para o que o quarentão poeta já escreveu, fico perplexa...
Mas concordo com a minha querida Isabel Seixas, as moçoilas que lhe caem nos braços não é pela poesia escrita...é pela outra!
Não há lideres na poesia, pois não há governo no sol nem sequer advêm madrugadas do tudo e do nada nem sequer a liberdade é refém da anarquia, também não há mulheres fiéis jamais a noite as trairia, nos horizontes da alma em cada outono de sombras pousam seus amores secretos na madrugada que esfria...
ReplyDeleteNão há lideres na poesia não há ditadores no cemitério nem vagueia a heresia, jamais patrões numa estrofe num poema o verso riria como a chuva confiante a afogar-se num mar que a embalaria...
Não há lideres na poesia nem prisões de palavras quando muito pluralismo democracia olhos semicerrados num colo de nostalgia...
Diz-me a 'velha senhora' que é mulher há muito mais tempo do que a cara Isabel Seixas mas que, desta vez, não concorda inteiramente com a sua amiga:
ReplyDeletemanuel de freitas é
um poeta português?
será pra quem o lê?
vou lê-lo desta vez
já li e não gostei
não sou crítica eu sei
O pior de tudo isto é que esta reportagem do Paulo Moura foi uma pulhice e é um exemplo típico de um jornalista a inventar realidades e a ouvir-se a si mesmo em vez de ouvir os outros, a deturpar sem escrúpulos o que realmente ouviu.
ReplyDeleteAs condições dessa conversa na Brasileira não foram a de ser um a entrevista, mas meramente uma conversa para lhe entregar os exemplares da revista (os quais nem deve ter aberto). Vinha munido de um bloquinho de notas, que mal rabiscou. Como pode um jornalista ter passagem de entrevista, colocando falas entre aspas, sem ter gravado o que a pessoa diz? Como pode confiar na sua memória a esse ponto? Não é deontológico, nem profissional.
Eu não disse nada disso, pelo menos nesses termos boçais e idióticos. O termo pop star é do jornalista e a explicação também.
Em relação ao Manuel de Freitas, o que disse e é verdade: é que ele pertence a um grupo de poetas que começou a publicar entre 1999 e a primeira década de 2000 que chegaram a leitores mais novos que estavam a iniciar-se nas leituras para além do que era proposto no secundário. Um grupo de poetas (que a leitura agrupa, não a escrita) como Vasco Gato, Nuno Moura, entre outros, de idades próximas às nossas e que, por esse elemento biográfico, surtiam um efeito de proximidade.
E, só para ter noção de como o termo hiperpatético de pop star nasceu na mente do jornalista, contava eu que as leituras que eu fazia na altura (dealbares de 2000, tinha eu cerca de 18 anos), onde se encontravam os livros do Manuel de Freitas (entre tantos outros), misturavam-se com as minhas experiências de ouvir música, começar a fumar os primeiros cigarros, pertencer a uma banda: a poesia fazia parte dessas experiências de descoberta e de transgressão de uma "idade controlada" para uma "idade mais rebelde". Daí a meter-me na boca o que eu não disse, vai um passo gigante.
E outra coisa: como é que um autor diz que deve a sua escrita a outro, a uma editora, a uma revista (que na altura nem sequer existiam), sem ter a consciência de estar a diminuir-se publicamente? Quem faria isso conscientemente? Só um idiota.
Idiota senti-me por ter anuido a falar da revista que dirijo (porque é de responsabilidade de um grupo e não só individual) com alguma inocência e confiança num putativo profissionalismo e ter-me aparecido esse aborto de referência.
Se eu já sabia que devemos sempre exercer o primado da desconfiança quando se lêem artigos deste género ou entrevistas em jornais, depois de sofrer na pele este ultraje, estou mais do que escaldada.
Vim aqui parar porque andava à procura de um antigo texto meu e dou-me conta desta opinião que em tudo é válida menos na fonte onde se baseia.
E se o jornalista em causa foi anti-profissional comigo e ficcionou/adulterou as minhas falas, tudo me leva a crer que também terá alterado a das outras pessoas.
O jornalista é claramente hiperbólico e efabulador. Não sei qual foi o seu objectivo com esta crónica: se gozar com os internevientes, se escrever uma carta de amor a Manuel de Freitas.
Desculpe ter incomodado, mas isto ainda me magoa.
Cumprimentos,
Ana Salomé
Respondo em seguida
DeleteCara Anã Salome, obrigado pela sua intervenção. Eu estimo muito a poesia de alguns dos nomes citados no artigo e tenho respeito por todas as intervenções poéticas. A tendência vanguardista-princípio do século XX de criar movimentos poéticos como brigadas de choque passou. Talvez seja pena, mas passou. Creio que o Manuel de Freitas quis com os poetas sem qualidades criar um movimento que ajustasse as contas com a geração anterior e suas poéticas. Stendhal dizia que se deve entrar na vida ( pública ou literária) com um duelo. Acontece que hoje as guerras de gerações poéticas já não mobilizam. A poesia e em si mesma uma guerra prolongada com as palavras, não precisamos de tomar partidos ou arregimentar tribos. O gozo do meu blog e ao artigo e não e nem contra si nem contra os poetas nele mencionados. Luis Filipe
ReplyDeleteCaro Luís Filipe,
ReplyDeletemuito obrigada pelo seu comentário.
Quanto às guerras entre gerações e inter gerações poéticas é óbvio que já não mobilizam, mas poderiam ter o seu efeito produtivo, se fossem em campo aberto (feitas com honestidade e com bravura e finura intelectuais) e tendo em conta não aspectos pessoais mas aspectos fundacionais das poéticas e suas ideias e formas em causa que, como bem diz, se fez na época das vanguardas.
Mas também sobre isso os situacionistas diziam que os exercícios de oposição por oposição presente nalguma actividade vanguardista não eram mais do que manifestações dos complexos de estética que a cultura também é: que uma vez é mais assim, outra vez é mais assado.
Mas, como bem diz, as guerras entre poetas hoje não fazem sentido: porque não há verdadeiramente gerações opostas, mas sim uma pluralidade que as atravessa, gerando núcleos de sensibilidades próximas numa faixa etária igual ao do entretenimento familiar: dos 8 aos 80.
Sobre o papel de alguns poetas específicos muito se poderia dizer. O próprio conceito de liderança é turvo: há aqueles que querem lidar, há aqueles que os outros querem que lidere.
Acho que o caso a que se refere é especialmente como o último que indico. Mais do que o ser, houve um fenómeno de uma atribuição desse papel e os textos (críticos e ensaísticos) que ele produz parecem alimentar esse reconhecimento, mas noutras alturas também me parece que o quer matar à fome.
A minha leitura é a de que o poeta (e passemos para o campo do abstracto) se desiludiu, porque caiu no erro de olhar demasiado seriamente para o saco social onde a poesia vai parar e de fazer pré-juízos (e às vezes prejuizos) a uma série de autores que, sem os conhecer profundamente, ataca sem seriedade.
E como nós sabemos, onde há pessoas, há desilusão. O presente pode facilmente desiludir. Mas também a desilusão tem o atributo de deformar e uniformizar o escopo com que observa os outros. O poeta desiludido é um animal ferido. Um animal ferido ataca e é pouco parcial nesse ataque: chega a uma altura que vai tudo a eito.
Mas para estas coisas, como mais uma vez sublinhou, já não há paciência. Deixai-os com os seus achaquezinhos que isso passa.
Este tipo de discussões, então, tem muito o hábito de ser demasiado adstrito ao país, às mesmas pessoas, aos mesmos livros, quando a poesia é e será sempre como a matemática ou a música: uma linguagem universal. Às vezes falta substância e é uma pena.
Cumprimentos
Ana Salomé