Monday, March 7, 2011

Homens da Luta

Estou talvez longe, estou talvez distraído : mas não, não me ofenderam os Homens da Luta. Essa paródia da cena da Revolução a princípio também me causava alguma incomodidade. Mas esta canção do festival fez-me pensar que talvez tenhamos de os ouvir antes de os condenar, do alto da nossa Revolução, que (como todos, mas mesmo todos, os revolucionários da História) perdemos. E lembremo-nos que, se na História, segundo Marx, a tragédia se repete sempre como farsa, é apenas porque só sabemos fazer revoluções usando as vestes do passado. Quando se assume deliberadamente a farsa e a derisão - não haverá um passo em frente na lucidez?

Deixemos espaço para o futuro respirar. E sejamos também um pouco lúcidos : a Ermelinda Duarte (que eu oiço, no entanto, com saudade) era um grande talento musical? Por amor de Deus...

Seria mais realista o projecto de dar todo o poder aos conselhos operários do que a pretensão destes jovens de terem empregos e vidas decentes?

Enxerga-te, ó minha geração!...

4 comments:

  1. Interessante o seu ponto de vista...

    Mas a canção, não é sedutora, apesar da atualidade e justiça social da mensagem constatada, simplesmente não provoca nem sede nem fome muito menos desejo de se fazer ouvir...

    É uma canção para Festival do Carnaval da canção e não para festival da canção no Carnaval...

    Agora para dançar, aos pulos não estará mal...

    Ouvir /escutar... Perdoe-me...
    Simplesmente Não, voto agora nos Toranja, Carta.
    Isabel seixas

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  2. Ó doutor! Ninguém se ofendeu com o lumpen musical, nem com o facto deles se terem ("culturalmente")substituído ao Quim Barreiros nas celebrações da sua alegria geracional. Como também ninguém pode estranhar que eles queiram ter "carteirinha assinada" (como se diz no Brasil),logo à chegada ao primeiro emprego. Mas talvez compita a quem lê as coisas com os olhos da vida chamar-lhes a atenção para o facto que não ganham nada em ter os pés bem assentes no ...ar. Ou melhor, ganham o que aí vem e não vão gostar. Mas eles lá aprenderão, à sua custa.

    R. Noisiel

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  3. Caro Alcipe,

    Concordo a 100%.

    No início, fui apanhada pelo efeito surpresa e pareceu-me muito exagerada a encenação... mas há coisas bem piores.

    Afinal, "a montanha pariu um rato"!

    Isabel BP

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  4. Ainda não ouvi a canção, mas as palhaçadas pretéritas da dupla(?) irritaram-me sempre que as vi.
    Mas talvez a tão recém-cantada "geração à rasca" seja a oposição que as outras merecem: humor de queima das fitas, rapaziada das bejecas e das piadaolas grosseiras q.b.
    Não chegarei ao ponto, alcipe, de escrever "não vi e não gostei" mas, quando for ver, temo já não ir de espírito aberto.

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