Estou talvez longe, estou talvez distraído : mas não, não me ofenderam os Homens da Luta. Essa paródia da cena da Revolução a princípio também me causava alguma incomodidade. Mas esta canção do festival fez-me pensar que talvez tenhamos de os ouvir antes de os condenar, do alto da nossa Revolução, que (como todos, mas mesmo todos, os revolucionários da História) perdemos. E lembremo-nos que, se na História, segundo Marx, a tragédia se repete sempre como farsa, é apenas porque só sabemos fazer revoluções usando as vestes do passado. Quando se assume deliberadamente a farsa e a derisão - não haverá um passo em frente na lucidez?
Deixemos espaço para o futuro respirar. E sejamos também um pouco lúcidos : a Ermelinda Duarte (que eu oiço, no entanto, com saudade) era um grande talento musical? Por amor de Deus...
Seria mais realista o projecto de dar todo o poder aos conselhos operários do que a pretensão destes jovens de terem empregos e vidas decentes?
Enxerga-te, ó minha geração!...
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Interessante o seu ponto de vista...
ReplyDeleteMas a canção, não é sedutora, apesar da atualidade e justiça social da mensagem constatada, simplesmente não provoca nem sede nem fome muito menos desejo de se fazer ouvir...
É uma canção para Festival do Carnaval da canção e não para festival da canção no Carnaval...
Agora para dançar, aos pulos não estará mal...
Ouvir /escutar... Perdoe-me...
Simplesmente Não, voto agora nos Toranja, Carta.
Isabel seixas
Ó doutor! Ninguém se ofendeu com o lumpen musical, nem com o facto deles se terem ("culturalmente")substituído ao Quim Barreiros nas celebrações da sua alegria geracional. Como também ninguém pode estranhar que eles queiram ter "carteirinha assinada" (como se diz no Brasil),logo à chegada ao primeiro emprego. Mas talvez compita a quem lê as coisas com os olhos da vida chamar-lhes a atenção para o facto que não ganham nada em ter os pés bem assentes no ...ar. Ou melhor, ganham o que aí vem e não vão gostar. Mas eles lá aprenderão, à sua custa.
ReplyDeleteR. Noisiel
Caro Alcipe,
ReplyDeleteConcordo a 100%.
No início, fui apanhada pelo efeito surpresa e pareceu-me muito exagerada a encenação... mas há coisas bem piores.
Afinal, "a montanha pariu um rato"!
Isabel BP
Ainda não ouvi a canção, mas as palhaçadas pretéritas da dupla(?) irritaram-me sempre que as vi.
ReplyDeleteMas talvez a tão recém-cantada "geração à rasca" seja a oposição que as outras merecem: humor de queima das fitas, rapaziada das bejecas e das piadaolas grosseiras q.b.
Não chegarei ao ponto, alcipe, de escrever "não vi e não gostei" mas, quando for ver, temo já não ir de espírito aberto.