Tuesday, March 15, 2011

Um poeta a descobrir

Para compreender a obra poética de Ronaldo Azenha é necessário saber que para este grande poeta da língua portuguesa o francês foi a sua língua materna, de estudo, de vida e de formação.

A tradição poética portuguesa e a própria língua portuguesa foram para Azenha não uma pátria recriada (como a língua portuguesa o foi para o anglófono Fernando Pessoa), mas sim um instrumento de resistência, uma fábrica de contradições e aporias, uma permanente efervescência de sentidos.

Daí ele reverenciar não Vieira, mas Fernão Mendes Pinto; abominar, não Camões, mas Victor Hugo; e escrever livros de poemas sem acções, qualidades nem estados, de que se destacam "Tascas do Bairro Alto" e "Madrugadas de La Courneuve".

Falaremos mais deste poeta.

4 comments:

  1. poetas bilingues, alem dos quinhentistas e seiscentistas (português/castelhano), tambem fernando pessoa (inglês e francês)e vitorino nemésio, este com a voyellle promise. Deve haver outros, mas só lembro estes

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  2. Ainda bem que Patrício B. não branqueou esta questão e soube trazer à colação outros colegas de escrita que, tal como eu, souberam tirar, pelo bilinguísmo, todo o sabor do suculento cruzamento dos paladares de multiculturalidade. Aprenda, ó Doutor!

    Ronaldo Azenha de Noisiel (Pont de Sèvres)

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  3. Estou sempre a aprender! Ainda me doem as costas de ter hoje carregado para a estante todos os seus livros de poesia, meu caro Ronaldo!

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  4. O universo da poesia é enorme, infinito, cada poeta um sistema, cada poema um mundo a descobrir.
    Bem, vem isto a propósito de me ter sido dado a conhecer ronaldo azenha tanto em português como em francês e do prazer que tive em ler os poemas

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