Saturday, May 10, 2014

Os versos de uma noite de Lisboa...


O SENTIMENTO DE UM ALSACIANO
No bar Procópio, ao anoitecer,
há tal alacridade, tal folia,
que os bulícios, o Tejo, a maresia,
fazem até questão de se esconder.
Alice veio dar- me as boas-vindas
e o Senhor Luís minha bebida.
Falamos com amor de coisas lindas,
de tantas comezainas numa vida...
Ali onde se urdiram tantos golpes
e derrotas se fizeram alegria,
contamos das artroses, dos joelhos
desfeitos sob o peso (nao me voltes
a falar da dieta que eu devia...).
E diz o alsaciano: trapos velhos?
Talvez! Na nossa mesa eram vermelhos...

6 comments:

  1. Eu nem desconfiava que a nossa 'velha senhora' ainda dava umas escapadelas ao Procópio:

    procópio alacre? sinto-o é triste
    sinais não vejo não de tal folia
    até dos jovens sai melancolia
    penso eu se por lá passo a ver se existe
    ainda co'o luís e a boa alice

    desculpe alcipe a minha rimalhice
    maníaca de velha triste a rir-se
    palerma enquanto afoga em vinho mágoas
    (eu mágoas não perdoo - bebendo estrago-as)

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  2. Está o máximo, sem palavras face à constatação de gostar tanto.

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  3. madrid, paris, berlim, s. petersburgo, o procópio e o mundo!

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  4. Errata

    Falhei uma palavra na primeira linha da rimalhice e alguém me denunciou à minha amiga, a 'velha senhora', que não me perdoa. Leia-se:

    "procópio alacre amor? sinto-o é triste"

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  5. Permite-me.


    À NOITE

    Naquela tertúlia de burgueses
    Há sempre coisas simplesmente loucas,
    E que sem histórias nem entremezes
    Em todo o caso merecem umas bocas.

    Como quando tu, já feito alsaciano,
    Todo fresco na Dois te sentaste.
    E, rodeado de carinho lusitano,
    Reconheces a Pátria que deixaste.

    Ele é Luís, ele é Carlos e até Alice
    Correm à Dois cheios de alegria.
    Há abraços, risos, tagarelice,
    E pão-de-ló molhado em malvasia.

    Então, um diplomata que é poeta,
    O que faz se a ocasião enseja?
    Toma, rápido,da cibercaneta
    E sobre aquele episódio verseja.


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  6. A 'velha senhora' diz-me que não ousa soneto e dita-me sonetilho breve:

    ah um soneto
    eu não cometo
    vão sonetilho
    é que partilho

    mesmo sem ter
    mais a dizer
    senão saudar
    o bar sem par

    da amiga alice
    e o bardo alcipe
    e o ard e tantos

    de meus encantos...
    o mais prometo
    manter secreto

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