David Hockney
Corre, pequena alma, estes caminhos,
não voltes para trás, não penses mais.
Passa a sebe da frente, olha os vizinhos
e toma o autocarro para o cais.
Podes dizer piadas onde vais,
o bronzeado vai ficar-te bem.
Hóspedes o meu corpo terá mais,
parceiros de sobra ganharás também.
Adriano olhava seu amante morto
e escreveu alguns versos imortais.
Eu apenas te vejo noutro porto
e faço daqui gestos e sinais.
Assim nós degradamos a poesia:
e venha outro para colher o dia!
O poema de Adriano:
Animula vagula blandula
Hospes comesque corporis
Quae nunc abibis? In Loca
Pallidula rigida nudula
nec ut soles dabis Iocos.
Tradução de Jorge de Sena:
Alminha, vagabunda, blandiciosa,
Do corpo a moradora e companheira,
A que lugares te te vais agora,
Tão pálida, tão rígida, tão nua?
Nem mais às graças te darás de outrora.
como soaria aos latinos esta sucessão de 3 palavras?
ReplyDeletePoesia e pintura admiráveis.
ReplyDeleteQuem sabe, sabe!
A tradução de Maria Lamas:
ReplyDeletePobre alma tão meiguita
Deste corpo sociazita
Que para uns duros lugarzitos,
Escritos, desérticos,
Sozinha ao presente vás
Aí nunca mais brincarás...