Neste dia da poesia, trouxe-lhe, Senhor Kappus, alguns exemplos
do honesto comércio com as palavras.
Quem trata o seu poema com a dureza
com que o escultor trabalha a pedra
está mais perto do ofício do que todos esses videntes
que aos dezassete anos dizem Bof! à poesia
e vão depois traficar escravos para a Abissínia...
Senhor Poeta, apanhei-o em flagrante delito de ressentimento
e o ressentimento, já se sabe, não deixa medrar
o espírito criador. A poesia tem mais moradas
do que um prédio de Xangai, sabia?
Deixe os meninos, os bruxos e as profetisas
em paz. O tempo lhes fará justiça.
Não é o tempo afinal o maior escultor?
(Esta é da Yourcenar, desculpe o mau jeito).
O Senhor Kappus está a fazer progressos
e respondeu bem à minha provocação
(fora a Yourcenar, de que não havia realmente necessidade).
E afinal, mais do que todos os poetas que respeito,
trouxe para comemorarmos juntos este dia da poesia
uma garrafa do mesmo vinho que Fernando Pessoa bebeu
no seu "dia triunfal". Parabéns!
do honesto comércio com as palavras.
Quem trata o seu poema com a dureza
com que o escultor trabalha a pedra
está mais perto do ofício do que todos esses videntes
que aos dezassete anos dizem Bof! à poesia
e vão depois traficar escravos para a Abissínia...
Senhor Poeta, apanhei-o em flagrante delito de ressentimento
e o ressentimento, já se sabe, não deixa medrar
o espírito criador. A poesia tem mais moradas
do que um prédio de Xangai, sabia?
Deixe os meninos, os bruxos e as profetisas
em paz. O tempo lhes fará justiça.
Não é o tempo afinal o maior escultor?
(Esta é da Yourcenar, desculpe o mau jeito).
O Senhor Kappus está a fazer progressos
e respondeu bem à minha provocação
(fora a Yourcenar, de que não havia realmente necessidade).
E afinal, mais do que todos os poetas que respeito,
trouxe para comemorarmos juntos este dia da poesia
uma garrafa do mesmo vinho que Fernando Pessoa bebeu
no seu "dia triunfal". Parabéns!
sim, há 2 ou 3 dias de colóquios e debates, aqui e ali, no teatro e no auditório, no café histórico, e na Bertrand fazem um desconto, 10pc, aproveito para comprar um facsimile do 1ro livro de mario cesariny, corpo visível, poema, cesariny dedica o livro a artur Manuel em lx. 12-5-50 e cruzeiro seixas faz um desenho na pag oposta do exemplar dedicado, um barco em forma de perna e pé, dentro 2 passageiros, um talvez o cesariny, não saberei ao certo dizer, e cesariny diz coisas como: a esta hora entre os blocos de prédios enevoados / o que só com as mãos pode ser soletrado / mas na erosão física de cada folha do vento / a sombra que fazemos no aqueduto grande do meu peito o mar...pois poesia d'amor parece, diz a certo ponto, convenhamos convenhamos meu amor, bom preço o livro, assírio e alvim, patrocinado por uma fundação, pois o tom do poeta no dia da poesia a falar para o sr kappus é de simpatia e comemoração, presentes e brindes com vinho, é dia para festejar, claro que é, tintim no tibete tambem não o deixa passar sem uma entrada, era esperada, etc etc
ReplyDeleteA 'velha senhora' ditou-me, já anteontem, esta desconsolada rimalhice, a propósito do vinho de Pessoa a que se refere o post (e o poema) "Dia Mundial da Poesia", de 21 de março:
ReplyDeletepobre de mim que de vinho tanto gosto
e hélas não posso desse vinho de pessoa
beber com ele e mais poetas em que aposto
comemorando neste dia a poesia
pois que sou só rimalhadeira que não voa
ai quem me dera parte ser dessa alegria
dessa eufotra de criar poema loa
que a gente entoa
ai que desgosto
velho o meu rosto
descomposto
cheira a mosto
no sol posto