Nous vivons dans l oubli de nos metamorphoses
(Paul Eluard)
As nossas modificações tomam-nos sempre de surpresa: pode durante muito tempo ter andado a germinar em nos esta metamorfose, este ovo ou larva de um rosto que se vai fazer o nosso, e sempre por surpresa, num atalho, num encontro anonimo, numa desilusão vulgar, que se nos abre de repente a evidencia do que passamos a ser. Mudar, perder sempre. Mas ao mesmo tempo uma liberdade nova que se abre dolorosamente no peito, como dizia o mestre Caeiro. Sou eu próprio, fiel a mim próprio, a mim me devo, aos outros deixo as suas lealdades e os seus pequenos tráficos. A mim bastam-me me os meus.
(Paul Eluard)
As nossas modificações tomam-nos sempre de surpresa: pode durante muito tempo ter andado a germinar em nos esta metamorfose, este ovo ou larva de um rosto que se vai fazer o nosso, e sempre por surpresa, num atalho, num encontro anonimo, numa desilusão vulgar, que se nos abre de repente a evidencia do que passamos a ser. Mudar, perder sempre. Mas ao mesmo tempo uma liberdade nova que se abre dolorosamente no peito, como dizia o mestre Caeiro. Sou eu próprio, fiel a mim próprio, a mim me devo, aos outros deixo as suas lealdades e os seus pequenos tráficos. A mim bastam-me me os meus.
Certamente, alguém mais perderá com o que motiva o seu tom amargo. Vamos somando perdas. Mas que vão permanecendo inteiros os homens fiéis a si próprios e isso é, afinal, o que importa.
ReplyDeletetodo o mundo é feito de mudança, afinal, muda-se o ser, muda-se a confiança tomando sempre novas qualidades, mas já nada se muda como soía. não sei se se aplica camões, tanto na mudança como na confiança, mas associei, o tom amargo, a que se deve? pergunta bem ujm
ReplyDelete.
todo o mundo é feito de mudança, afinal, muda-se o ser, muda-se a confiança tomando sempre novas qualidades, mas já nada se muda como soía. não sei se se aplica camões, tanto na mudança como na confiança, mas associei, o tom amargo, a que se deve? pergunta bem ujm
ReplyDeleteMeu caro Alcipe Eluard acompanha-me há tantos anos que já é meu íntimo. Mas eu não vejo no texto amargura, apenas, talvez, alguma tristeza, que a sua vida, que conheço bem, justifica.
ReplyDeletePorém, digo-lhe, desassombradamente, que me considero muito mais interessante hoje do que quando tinha 30 anos!
Ontem um homem das cidades
ReplyDeleteVeio explicar-me os valores da vida.
Disse-me que a minha sobrevivência era um privilegio
E o conchego dos banqueiros uma justiça.
Falou-me de uma nova sociedade, feita de esperteza e agua fresca.
Deixei-o falar.
Ele nao sabe que esta tambem do lado dos que perdem
E até o descobrir virão mais rosas
E a areia cobrira todos os jardins.
Alberto Caeiro
Meu querido amigo
ReplyDeleteDesses da cidade e da banca
Dessas novas sociedades
De esperteza e água fresca
Quero é distância...
Nos jardins, que não tenho,
Quero flores e quero cheiros,
Quero lembranças de infâncias felizes
Quero risos e baloiços
Quero velhos e crianças!