A Seta
para o meu pai
o tempo, espelho tosco com que
fintamos a morte, apontado para nós
como a lança do arqueiro;
hesita, por um instante apenas,
para depois avançar, implacável,
e sem retorno, na nossa direcção.
mas a feroz verdade da seta
(a um brevíssimo suspiro do embate)
é aplacada pela memória,
um libertador bater de asas
que nos recolhe das águas
quando a tempestade nos arrasta.
(Renata Correia Botelho, in "Small Song", Lisboa, Averno)
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