Sunday, October 27, 2013

Da poesia como papança: resposta a António Dias e homenagem ao poeta Conde de Monsaraz


RESPOSTA A ANTONIO DIAS DA PARTE DAS VITIMAS DA FOME

Poetas comilões, António Dias,
são mato nesta mata esfomeada:
alguns papam almoços sem azias
e jantam prémios feitos à molhada.

Papança (belo nome) fez receitas
em verso bem medido e bem lançado.
Esquecemos Bulhão Pato e as perfeitas
amêijoas que devemos ao seu fado.

Poetas são pessoas de alimento,
dêem-nos de comer, façam favor!
Não cortem a raiz ao pensamento,
que a comer ganha asas o amor.

3 comments:

  1. Um soneto recebido do Mário Quartin Graca:

    Para o povo ser poeta e
    Andar nas nuvens, nefelibata,
    Fumar ópio ou cheirar rape,
    Viver do nada, vida barata.

    Viver, viver, sem saber de que,
    Sem que a porta sequer lhe bata
    Quem uma côdea de pão lhe de
    A quem a sorte tao mal trata.

    Mas, afinal, como isso e vão!
    E como e grande essa ilusão!
    Porque a imagem do poeta

    Esconde, guloso e comilão,
    Um voraz brutamontes que nao
    E etéreo, delicado esteta.

    Mário Quartin Graca

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  2. Lamento que entre Lisboa e Estrasburgo quase todos os acentos agudos e todos os circunflexos se tenham evaporado. Resta confiar na perspicácia dos leitores para que possam apreciar a "qualidade" desta obra poética. MQG

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  3. Isto agora com os cortes, resolvemos cortar nos acentos..,,

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