Deste grande poeta, no seu centenário, um delicioso e apetitoso poema, que me foi enviado pela minha querida amiga Gilda Santos:
Nos 100 anos do nosso querido Vinicius de Moraes,
Nos 100 anos do nosso querido Vinicius de Moraes,
esta sua ode aos gourmets...
Não comerei da alface a verde pétala,
Nem da cenoura as hóstias desbotadas.
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas,
Talvez pouco elegantes para um poeta,
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois,
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e Parati,
E eu morrerei, feliz, de coração,
De ter vivido sem comer em vão.
Nem da cenoura as hóstias desbotadas.
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem mais aprouver fazer dieta.
Cajus hei de chupar, mangas-espadas,
Talvez pouco elegantes para um poeta,
Mas pêras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.
Não nasci ruminante como os bois,
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro; dêem-me feijão com arroz
E um bife, e um queijo forte, e Parati,
E eu morrerei, feliz, de coração,
De ter vivido sem comer em vão.
VINICIUS DE MORAES
grande, grande poeta que aliava exemplarmente a forma ao conteudo, o sentido à rima, o ritmo ao sentimento, a musicalidade à enunciação, etc etc. sabia dizer a sua poesia maravilhosamente, alem do mais, e cantá la e oferecer a outros os seus poemas para que os cantassem, ficará certamente entre os poetas brasileiros mais habilidosos, tem o seu ugar na grande poesia, porque de grande poesia se trata.
ReplyDeletecurioso e divertido uma ode em forma de soneto dedicado aos gostos alimentares, ao comer que vale a pena, ao prazer de viver que o levava a gostar de tudo quanto fosse belo no mundo e natureza, a mulher, a musica, os amigos...
uma autobiografia o soneto ode aos gourmets, sim, sem duvida...
Comunica-me a 'velha senhora' que a re-leitura do soneto de Vinícius a encantou, como sempre, mas que o comentário do caro Patrício Branco - a quem peço compreenda ou tolere esta minha velha e cara amiga - a irritou, como nunca.
ReplyDelete(A irritabilidade da senhora tem vindo a agravar-se com o progresso da sua provecta idade e com a retrocesso do país, que muito a perturba; já a sua aparente dificuldade em contar palavras, isso deve ser do Alvarinho...) :
a ode dá-me gozo: oitenta e seis vocábulos!
patrício dá o quê, com cento e vinte e três?
demoro-me em vinícius: odes são retábulos!
de brancos comentários, basta-me um por mês.
vinícius, que prazer: oitenta e três palavras!
patrício, que fazer com cento e vinte e uma?
a grande poesia é um vulcão em lavas!
uns brancos comentários dão-nos luz alguma?
Estimada e respeitada Velha Senhora, custa-me que a sua impaciência, já manifestada com grande ênfase a propósito de figuras públicas da nossa Pátria, se venha agora voltar contra um estimável comentador deste blog. A sua irritabilidade traíu desta vez o seu talento. Não lhe parece?
ReplyDeletecuriosos os calculos da vs, não fazia ideia que para o comentário o patricio branco usou 123 vocábulos, confio e não confiro, nem os da ode soneto, ao todo são portanto mais de 200, o que pode de facto tornar se irritante, contá los, ou nem tanto, etc etc
ReplyDeleteConcordo, em absoluto, consigo, caríssimo Alcipe, mas permito-me citá-lo:
ReplyDelete"Que havemos de fazer? A idade tem que ser respeitada."
(Alcipe October 16, 2013 at 12:06 PM)
Renovo, ao caro Patrício Branco, o meu pedido de compreensão.
Tampouco fui eu conferir a contagem de vocábulos: limitei-me a assinalar que a 'velha senhora', minha amiga, indica números divergentes em cada uma das quadras.