Sunday, February 17, 2013

Um requiem alemão

À memória de Heinrich Heine

Quem nega tudo o que fui
faz-me pensar certamente:
quando tudo à volta alui
não sobrevive quem mente.

Pode só levar vantagem,
ganhar antes do naufrágio:
mas vai faltar-lhe coragem
quando vir que paga ágio.

Música do Titanic
p'los cantores de Nuremberga:
não estamos num piquenique
e soçobra o que não verga.

Lamento, sim, meine Frau,
mas o mundo é assim feito:
se tirarmos os degraus
a escada fica sem jeito.









2 comments:

  1. rimalhando sempre - diz que de poesia não sabe, mas tem pena - a velha semhora comenta:

    belo poema
    senhor poeta
    não se ficou
    perdão pateta
    ensimesmado
    com a poesia
    como fadista
    com o seu fado

    saiu olhou
    viu o problema
    assim artista
    tem meu agrado


    o fadista canta o fado
    o poeta é a poesia
    no seu quadrado enquadrado
    a sofrer tanto coitado
    e cá fora corre o dia
    é cá fora que o queria

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