Friday, January 6, 2012

Sonhos de amor de um português



David Mourão Ferreira
  
    
Tu vens de terras de Holanda,
mas tens a carne morena, 
E em vez da serena, branda
postura que o Norte manda,
teu corpo se desordena
à carícia, por mais branda...
Tu vens das terras de Holanda...
 
Eu venho de Portugal:
o mesmo é dizer que venho
de longe, do litoral,
e um sabor, no corpo, a sal
definiu meu Fado estranho.
Aqui me tens, donde venho:
eu venho de Portugal...
 
Trago nos lábios o Mar,
cheio de vento e de espuma...
E tu mo virás roubar!
- Ai descampados ao ar,
onde houvera ventos, bruma! -
Com saudade hei de lembrar:
tinha nos lábios o Mar...
 
Hei de lembrar e sofrer
o que fôr perdendo aqui...
Mas um colo de mulher
tudo merece, e requer
o abandono de si...
Quem me dera que por ti
venha a lembrar e sofrer...
 
Tu vens de terras de Holanda,
eu venho de Portugal:
cada um de sua banda...
Sabe o Destino o que manda,
quer p'ra bem ou quer p'ra mal...
- Não mais as terras de Holanda
e areias de Portugal! 

6 comments:

  1. "Eu venho de Portugal
    o mesmo é dizer que venho
    de longe do litoral"

    deixo lá o coração
    mas trago cheio o bornal
    preciso dumas tamancas
    que me assentem bem no pé
    doce trago o bom recheio
    que me deu o bom do Zé
    ele que anda quase morto
    (tudo aquilo a dar pro torto)

    "Sabe o destino que manda
    quer pra bem ou quer pra mal"
    Isto é mesmo muita areia
    pra ficar em Portugal...

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  2. Muito bem, ERA UMA VEZ!

    Gostei

    a) Feliciano da Mata

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  3. Que bom meu caro Feliciano!

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  4. não sabia só escrever poesia, sabia tambem construir o verso.

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