
" Quatro quintos da França desejaram, aplaudiram a sentença. A França nunca foi, na realidade, uma exaltada da Justiça, nem mesmo uma amiga dos oprimidos. Esses sentimentos de alto humanitarismo pertenceram sempre e unicamente a uma elite que os tinha, parte por espírito jurídico, parte por um fundo inconsciente de idealismo evangélico. Não nego que, aí por 1848, essa elite conseguiu propagar o seu sentimento na larga burguesia, sensibilizada, amolecida desde 1830 pela educação romântica. Mas logo, com o Império, a França se recuperou, regressou à sua "natureza natural" e recomeçou a ser como sempre a Nação videira, formigueira, egoísta, seca, cúpida"
(carta a Domício da Gama de 26 de Setembro de 1899; a sentença referida foi a segunda condenação de Dreyfus)
A meu ver não está muito longe do retrato actual. Mesmo tendo havido a Revolução Francesa...
ReplyDeleteE esta é a visão de alguém para quem a França é como uma segunda pátria. Mas gostar não significa perder a lucidez!