Lendo "Desmedida", o excelente livro de viagens de Ruy Duarte de Carvalho pelo Brasil, vejo como um angolano (que era também um bocado português, desculpa lá, ó Ruy!)sente exactamente o que eu senti como português face àquela permanente "fábrica do inédito" (na expressão dele) que é o Brasil : eu só entendi bem o que era ser português (e, pelo que ele diz, o Ruy só entendeu completamente o que era ser angolano) depois de ter vivido a experiência do Brasil.
O Brasil é a nossa desmedida. O Agostinho da Silva tem a clássica fórmula "o brasileiro é o português à solta". Eu penso que esta imagem produzida pelo Ruy do Brasil como "fábrica do inédito" é ainda melhor e mais generalizante. Reparem o que o Brasil faz dos imigrantes de todas as etnias. E reparem na complexidade do processo de branqueamento, que está a ser agora deturpado com acções afirmativas copiadas dos americanos, não que não haja injustiças no Brasil em relação aos negros que têm de ser corrigidas, mas acontece que o Brasil não tem nada que ver com os Estados Unidos (sorry, Mr. Vianna Moog!...).
Pergunto-me : e a Índia? E Goa? E Damão e Diu, tão diferentes de Goa? E Cochim e Calicute? Em que nos vem a Índia confrontar enquanto portugueses?
É muito complicado. Areia demais para a minha camioneta? Ou inibição fatal do diplomata em posto? Só soube responder, até agora, com um livro de poemas, que, em princípio, irá sair em Maio : "Lendas da Índia". Mas talvez se sigam mais reflexões, com tempo e com distância...
Dormente é que não estou!
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blogue lento, uma entrada cada 4 dias em média e por vezes apenas uma fotografia a despachar.
ReplyDeletede certeza que o dono do blogue tem coisas interessantes a dizer nos todos os dias.