Tuesday, June 15, 2010

Poema com endereço

Penso nos que não têm verdadeira pátria:
nos que assumiram esse risco na beira das suas vidas
e por isso foram fuzilados, estripados ou gazeados;
e penso nos que fazem dessa ambiguidade o seu negócio,
ou lisonjeando as suas diversas pátrias
ou insultando-as a todas, para nosso absorto desvelo!

Penso nos que não têm verdadeira pátria:
nos que arriscaram a vida e foram carne para canhão,
alvo de fogueiras e campos de concentração;
e penso nos que fizeram desse estado o seu modo de vida,
com raiva e ressabiamento avulsos
para nos cobrar.

Penso nos que lutaram como homens
e penso nos que rabiaram como bebés.

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