" Há hoje nas sociedades cultas um tom geral de bom gosto, de ironia, de fino senso, que põem bem depressa no seu lugar os fanfarrões da sabedoria, do milhão ou do músculo.
Ao nababo que nos agita diante da face uma bolsa cheia de ouro, dizendo : - "Pobretões! eu cá sou rico!" Responde-se tranquilamente : -"Talvez, mas és grosseiro!"
Ao mata-sete que nos mostra os seus pulsos de Sansão e nos grite: - "Fracalhões, eu cá sou forte"! Replica-se friamente: - "Talvez, mas és brutal!"
E ao sabichão que com quatro volumes debaixo de cada braço nos venha dizer de alto : - "Ignorantes! eu cá sou sábio!"! Responde-se serenamente - "Talvez, mas és pedante!"
E este tom meu caro Chagas, é indispensável. Se não, os ricaços, os valentes e os sabichões, coligados entre si, tornariam bem cedo a sociedade inabitável"
Eça de Queirós, "Carta Aberta a Pinheiro Chagas"
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