A ILHA DOS MORTOS REVISITADA
“Um sonho acordado” foi o que a compradora
pediu ao pintor.
E o que é mais a morte do que um sonho acordado,
de que deslizam as roupas, ao se entrever na água
a sombra do que sequer chegámos a ser?
Muitas vezes me perguntei
onde vim encontrar esta ilha.
Sei-o agora, mas é já muito tarde para partilhar
este saber que nunca mais será um privilégio.
Por isso olho esta figura de branco, eternamente de costas para nós,
ela que olha de frente a água e a morte.
e pergunto-me se o caixão não está vazio.
“one Marie Berna, who was widowed young and who later married a Count Oriola in Budesheim, visited Bocklin in Florence and commissioned “a picture for daydreaming view”…
(in Rose Marie and Rainer Hagen, “What Great Paintings Say”, Taschen, Koln, 2003
Cf o meu poema “A Ilha dos Mortos” no livro com o mesmo título (1991)
A reprodução do quadro é a da versão de Basileia
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