Sunday, April 26, 2009

Memória pessoal (2)

O meu pequeno país: nós não sabíamos,

nós não acreditávamos que mudasse.

Acreditar na Revolução é pedir o impossível

E nós pensávamos que, como os nossos pais,

iríamos continuar o resto da nossa vida

a pedir o impossível.  Ou aqui, na dura pátria,

mãe pobre de gente pobre,

usando a profissão liberal que nos fosse autorizada,

para brincar ao gato e ao rato com a Polícia,

ou no exílio, para fugir à guerra,

que outros queriam que fôssemos “subverter por dentro”.

 Nós nunca percebemos

o possível.

1 comment:

  1. Remeto-te um pouco do Alegre:

    Eu vi Abril por fora e Abril por dentro
    vi o Abril que foi e Abril de agora
    eu vi Abril em festa e Abril lamento
    Abril como quem ri como quem chora.
    Eu vi chorar Abril e Abril partir
    vi o Abril de sim e Abril de não
    Abril que já não é Abril por vir
    e como tudo o mais contradição.
    Vi o Abril que ganha e Abril que perde
    Abril que foi Abril e o que não foi
    eu vi Abril de ser e de não ser.
    Abril de Abril vestido (Abril tão verde)
    Abril de Abril despido (Abril que dói)
    Abril já feito. E ainda por fazer.

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