Em cada infância há uma banda de música
que toca para nós do alto de um coreto ou até mesmo
debaixo da nossa janela (tive essa honra no dia em que festejavam
o dia do meu aniversário).
Sonhamos levar para a banda a nossa música,
mas depois passaram os anos e não houve tempo
nem oportunidade e o nosso lugar na banda
nunca foi preenchido.
Resta-me o dia glorioso dos meus seis anos
em que a banda veio tocar à minha porta.
Agora, num casamento indiano, reencontro a mesma banda:
mais enfeitada, engalanada, o mundo mudou
na direcção do Oriente. Mas o senhor de turbante sentado na frente
pensa que a banda não toca para ele
(ao contrário da menina feia do Chico Buarque),
porque toda a música deve ser para os noivos.
Engana-se: a banda toca para todos nós,
por detrás de um passado, para além de outros mares...
Toca:
Fon, fon, fon
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