Wednesday, April 30, 2014

Poesia de guerra

Sentiu a minha falta, Senhor Poeta?
Os meus deveres militares nem sempre permitem
que eu faça destas conversas o eixo da minha vida.
Nunca conseguiria ser um verdadeiro poeta sem qualidades
ou sem atributos, eu sou um militar, Senhor Poeta.
Bem sei que a Poesia é também um estado de guerra
(e eu dou-lhe a maiúscula porque sou oficial),
mas compreenda que agora, com o que se passa na Crimeia…

Essa tagarelice oca, Senhor Kappus, quer esconder qualquer coisa,
qualquer experiência de dor ou de graça, de agonia ou de esplendor,
que o senhor sente que ainda é cedo para poder entender,
quanto mais mencionar. Não se envergonhe;
ou então envergonhe-se, mas não diga tolices.
O primeiro poema foi o da Guerra de Tróia
e a morte de Heitor era um assunto bem mais poético,
bem mais perto do coração dos homens,
do que as extravagâncias de Helena ou as seduções de Páris.
A poesia (com minúscula, que eu não sou militar)
é para o coração dos outros,
mas não para o seu espectáculo.
É guerra, sim, mas guerra prolongada.

3 comments:

  1. de interessante a guerra de troia deu nos o cavalo e a helena, e o resto é história ou lenda ou exageros de poetas, etc

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  2. Vejo que a Ilíada não lhe trouxe nada, Patrício Branco...

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  3. tambem gosto das pinturas da aurora com os dedos roseos etc e de clitmnestra....

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