O sono, esse estado de irritação ténue
entre a vida e o sonho,
essa lâmina romba no fio da navalha,
esta minha consciência intermitente de uma vaga revolta,
por entre as notícias matraqueadas na televisão
e o livro paulatinamente abandonado
à sua circulação romanesca, demasiado histérica
para minimamente me prender. Sou um mau leitor,
agarro-me aos versos, mesmo os que se ufanam
de não ter qualidades, recensões em cheio, estrelas
no guia Michelin, os herdeiros dos herdeiros dos herdeiros.
É só a poesia que me prende, mesmo a daqueles
que usam a própria irrisão como coroa de louros
e o seu proclamado ódio da poesia
como mal disfarçada cauda de pavão.
E ainda assim, é do lado deles
que estou.
entre a vida e o sonho,
essa lâmina romba no fio da navalha,
esta minha consciência intermitente de uma vaga revolta,
por entre as notícias matraqueadas na televisão
e o livro paulatinamente abandonado
à sua circulação romanesca, demasiado histérica
para minimamente me prender. Sou um mau leitor,
agarro-me aos versos, mesmo os que se ufanam
de não ter qualidades, recensões em cheio, estrelas
no guia Michelin, os herdeiros dos herdeiros dos herdeiros.
É só a poesia que me prende, mesmo a daqueles
que usam a própria irrisão como coroa de louros
e o seu proclamado ódio da poesia
como mal disfarçada cauda de pavão.
E ainda assim, é do lado deles
que estou.
No comments:
Post a Comment