Monday, June 2, 2014

O Amor aos Sessenta

O AMOR AOS SESSENTA
Isto que é o amor (como se o amor não fosse
esperar o relâmpago clarear o degredo):
ir-se por tempo abaixo como grama em colina,
preso a cada torrão de minuto e desejo.
Ser contigo, não sendo como as fases da lua,
como os ciclos de chuva ou a alternância dos ventos,
mas como numa rosa as pétalas fechadas,
como os olhos e as pálpebras ou a sombra dos remos
contra o casco do barco que se vai, sem avanço
e sem pressa de ausência, entre o mito e o beijo.
Ser assim quase eterno como o sonho e a roda
que se fecha no espaço deste sol às estrelas
e amar-te, sabendo que a velhice descobre
a mais bela beleza no teu rosto de jovem.

Alberto da Costa e Silva
(Prémio Camões 2014)

4 comments:

  1. esperar, tempo, minuto, fases da lua, ciclos, alternancia, vai, avanço, pressa, eterno, velhice, jovem, não há duvidas que os tempos estão presentes neste soneto que, mas é opinião puramente pessoal, li e reli com cuidado, não me parece poder classificar se como de grande poesia, etc etc

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  2. Hum... O amor, a mais enigmática musa inspiradora...
    Ó como anseio pelos sessenta para ver como é este.
    Ai o Quase é tão realista, parece um "Sinto" de segurança...

    Mas o soneto é lindo de esperança e horizonte, boa escolha.

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  3. Ai! Alcipe cada vez mais julgo que o amor é algo diferente daquilo que aqui se descreve. É capaz de ser defeito meu mas encontro neste poema um romantismo débil que não me agrada.

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  4. reli, sim, romantismo debil, é isso, e há kitch neste poema, a rosa de petalas fechadas, espaço do sol até às estrelas, e tambem uma sintaxe poetica rude, muitos comos, etc

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