Há diferentes ideias de Revolução: no Marx do "Manifesto" a luta das classes oprimidas com as classes opressoras, perpetuum mobile da História; no Marx do "Capital" a contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas e o atraso das relações de produção, que torna inevitável o confronto das classes que possuem com as classes que produzem; em Tocqueville, o próprio crescimento económico e tecnológico faz uma promessa à sociedade que a ordem das coisas jamais consegue satisfazer.
Penso que para qualquer leitor de Marx será clara a ideia de que o capitalismo é por natureza dinâmico e destruidor (Schumpeter entendeu bem isto). O capitalismo não é estático e pacífico, como os teóricos do liberalismo nos tentaram fazer acreditar, de Marshall a Hayek. O capitalismo é uma dinâmica cega e imparável que acaba por devorar-se a si própria. O capitalismo é uma lógica desumana (ou trans-humana, para adoptar um conceito de Fukuyama), que procura gerar lucro, mesmo ao custo da destruição final daqueles mesmos que estão a lucrar. O capitalismo é o computador do "2001 Odisseia no Espaço", cuja missão passa pela aniquilação daqueles mesmo que o construíram.
Que o capitalismo não é conservador parece-me evidente a quem leia os jornais. Que o capitalismo se está a auto-destruir parece-me também o único sentido plausível do que se está a passar, com os mercados financeiros desregulamentados a minar implacavelmente a economia real, à velocidade da luz. Estamos a assistir a uma versão em altíssima rapidez e em três dimensões do guião da famosa obra do século XIX "O Capital". Que, lido desta forma, já não nos promete a Revolução. Talvez porque vivemos numa sociedade que Tocqueville anteviu melhor.
(Demasiado apocalíptico, não é? Dormi mal esta noite e fiquei talvez como o saudoso José Sesinando, homem de cultura vasta, porém confusa...)
Penso que para qualquer leitor de Marx será clara a ideia de que o capitalismo é por natureza dinâmico e destruidor (Schumpeter entendeu bem isto). O capitalismo não é estático e pacífico, como os teóricos do liberalismo nos tentaram fazer acreditar, de Marshall a Hayek. O capitalismo é uma dinâmica cega e imparável que acaba por devorar-se a si própria. O capitalismo é uma lógica desumana (ou trans-humana, para adoptar um conceito de Fukuyama), que procura gerar lucro, mesmo ao custo da destruição final daqueles mesmos que estão a lucrar. O capitalismo é o computador do "2001 Odisseia no Espaço", cuja missão passa pela aniquilação daqueles mesmo que o construíram.
Que o capitalismo não é conservador parece-me evidente a quem leia os jornais. Que o capitalismo se está a auto-destruir parece-me também o único sentido plausível do que se está a passar, com os mercados financeiros desregulamentados a minar implacavelmente a economia real, à velocidade da luz. Estamos a assistir a uma versão em altíssima rapidez e em três dimensões do guião da famosa obra do século XIX "O Capital". Que, lido desta forma, já não nos promete a Revolução. Talvez porque vivemos numa sociedade que Tocqueville anteviu melhor.
(Demasiado apocalíptico, não é? Dormi mal esta noite e fiquei talvez como o saudoso José Sesinando, homem de cultura vasta, porém confusa...)
Richard Fisher, presidente da Reserva Federal de Dallas, diz que os grandes investidores estão a organizar-se como "porcos selvagens".
ReplyDeleteTalvez seja chegado, pois, o tempo em que os porcos vão começar a governar a quinta, perante o pasmo catatónico dos humanos.
Tristes tempos, capazes mesmo de tirar o sono a qualquer humano.
E, os americanos não tem ja esta crença religiosa na sacralidade dos mercados...
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