Tuesday, May 7, 2013

Viagens na minha terra: autores em Tomar


E tivémos a Helena Buescu a explicar como levar o Camões às criancinhas (mais uma combatente pela causa do ensino da literatura), o Carlos Reis a falar-nos com profundidade do tema da viagem em Garrett, Eça de Queirós e Saramago, o Miguel Miranda e o Nuno Júdice a contarem-nos as suas viagens e façanhas, de ritmos bem diferentes, o Zé Pacheco Pereira a descrever-nos as proezas dos livros digitais e a apresentação de um belíssimo livro sobre a culinária na pintura de Josefa de Óbidos.

Por mim, fiz uma exposição, que muito me divertiu escrever, intitulada Um estranho animal de duas cabeças: o poeta-diplomata, título que me foi inspirado pelo seguinte texto do meu amigo e colega embaixador e escritor Maurizio Serra:


A variante do escritor-diplomata faz confusão. Que quer esse estranho animal de duas cabeças? Não lhe bastaria uma, como aos outros mortais? Mas se contamos na literatura universal negociantes de vinhos, inspectores dos monumentos históricos, caçadores de baleias,  jogadores cobertos de dívidas, empregados de seguros, detectives privados e mesmo grandes criminosos, porque seria negado esse privilégio aos diplomatas?






9 comments:

  1. O texto está prometido à "Colóquio-Letras" e não é correcto publicá-lo em blog antes de aparecer na revista. Mas alguns "happy few" já o puderam ler e até gostaram...

    ReplyDelete
  2. Pois,pois... É com happy few que se criam desigualdades. E ciúmes justificados!

    ReplyDelete
  3. Presumo que também nesta foto está o autor e as respetivas musas...
    Hum e que Musas, posto isso não vejo a hora de ter acesso ao texto.

    ReplyDelete
  4. Eu musas de bigode nao tenho, Isabel Seixas, com todo o respeito por quem as tenha.

    ReplyDelete
  5. Pronto Senhor Embaixador Poeta...
    Que espontaneidade, estou esclarecida, credo.

    De qualquer forma a foto está o máximo.
    "O mais rico(Poeta em inspiração) não é o que mais(musas) tem mas o que menos(Musas) precisa"


    Crítica da Poesia
    Que a frenética poesia me perdoe
    se a um baço rumor levanto o laço,
    pois que verso não há onde não soe
    a música discreta doutro espaço.

    Horizonte do verso é a dureza:
    já mansidão não cabe neste olhar
    que se pousa na faca sobre a mesa
    e aprende nela o fio do seu cantar.

    Mas se olhar nela pousa, como corta?
    E se as palavras sabemos retomar,
    quem nos devolve a chave dessa porta
    onde a herança está por encerrar?

    Tão longe está de nós a poesia
    como nuvem nos rouba a luz do dia.

    Luis Filipe Castro Mendes, in "Viagem de Inverno"

    PS- Não me levou a mal ,pois não?!

    ReplyDelete
  6. Isabel Seixas, eu nunca serei homofóbico, mas realmente musas de bigode não são o meu género. Dizem, no entanto, que a Ana Plácido tinha um belo bigode, não tão grande como o do Camilo, mas discreto...

    ReplyDelete
  7. A maioria das vezes o bigode é só e justamente uma figura de estilo, um análogo de implante para ajuste(s) de imagem corporal.
    Acutilante quando visa dotar lideres de carisma...
    Por exemplo se eu fosse acessora de imagem de alguns ministros do nosso "governo" aconselhá-los-ia vivamente a usar bigode, extensivo a angela Merkel,até por uma questão de congruência e maior frontalidade.

    Também não faz o meu género, prefiro a barba e bigode feitos ausência ,claro.

    Quanto à Ana era só para acreditar os pseudónimos assumidos.

    ReplyDelete
  8. Ó Musas de pêlo na venta,
    Ó sustos disfarçados na alma da diferença
    anseios de harmonia repelidos nessa crença,
    de viril sombra de zêlo ser o bigode na lábia que o sustenta...

    oh...

    (...)

    Não me arrasto ante Heróis nem Potentados
    Para ofrecer-lhe os frutos do juízo;
    Acolham-nos as Musas de um sorriso
    Ou só por elas sejam castigados.

    Tu, que sem compaixão dos Lusos Fados,
    Deste as cores do Averno ao Paraíso,
    Aplaque-te esta ofrenda; acho preciso
    Que te sejam meus versos dedicados.

    Se eles são bons, se a par do Venusino
    Colho flores nas bordas do Permesso,
    Desagravo a Nação de um desatino.

    Se são maus, indulgência não te peço:
    É de humanos errar, não temo ensino;
    Da glória que te dou não me entristeço.

    Marquesa de Alorna, Obras Poéticas, vol IV, Lisboa, 1844, p. 227.

    PS Vou fazer o almoço, que sina...

    ReplyDelete