Em 1890, Guerra Junqueiro escreveu contra o Rei D.Carlos este poema terrível, que é uma clara incitação ao Regicídio. Que lhe aconteceu depois? Foi preso, processado, deportado? Não. Foi eleito deputado...
Jaz el-rei entrevado e moribundo
Na fortaleza lôbrega e silente…
Corta a mudez sinistra o mar profundo …
Chora a rainha desgrenhadamente …
Papagaio real, diz-me quem passa?
-- É o príncipe Simão que vai à caça.
Os sinos dobram pelo rei finado …
Morte tremenda, pavoroso horror!...
Sai das almas atónitas um brado,
Um brado imenso d’amargura e dor …
Papagaio real, diz-me, quem passa?
-- É el-rei D. Simão que vai à caça.
Cospe o estrangeiro afrontas assassinas
Sobre o rosto da pátria a agonizar …
Rugem nos corações fúrias leoninas,
Erguem-se as mãos crispadas para o ar!...
Papagaio real, diz-me quem passa?
--É el-rei D. Simão que vai à caça.
A Pátria é morta! A Liberdade é morta!
Noite negra sem astros, sem faróis!
Ri o estrangeiro odioso à nossa porta,
Guarda a Infâmia os sepulcros dos Heróis!
Papagaio real, diz-me, quem passa?
--É el-rei D. Simão que vai à caça.
Tiros ao longe numa luta acesa!
Rola indomitamente a multidão …
Tocam clarins de guerra a Marselheza …
Desaba um trono em súbita explosão!...
Papagaio real, diz-me, quem passa?
--É alguém, é alguém que foi à caça
Do caçador Simão!...
Na fortaleza lôbrega e silente…
Corta a mudez sinistra o mar profundo …
Chora a rainha desgrenhadamente …
Papagaio real, diz-me quem passa?
-- É o príncipe Simão que vai à caça.
Os sinos dobram pelo rei finado …
Morte tremenda, pavoroso horror!...
Sai das almas atónitas um brado,
Um brado imenso d’amargura e dor …
Papagaio real, diz-me, quem passa?
-- É el-rei D. Simão que vai à caça.
Cospe o estrangeiro afrontas assassinas
Sobre o rosto da pátria a agonizar …
Rugem nos corações fúrias leoninas,
Erguem-se as mãos crispadas para o ar!...
Papagaio real, diz-me quem passa?
--É el-rei D. Simão que vai à caça.
A Pátria é morta! A Liberdade é morta!
Noite negra sem astros, sem faróis!
Ri o estrangeiro odioso à nossa porta,
Guarda a Infâmia os sepulcros dos Heróis!
Papagaio real, diz-me, quem passa?
--É el-rei D. Simão que vai à caça.
Tiros ao longe numa luta acesa!
Rola indomitamente a multidão …
Tocam clarins de guerra a Marselheza …
Desaba um trono em súbita explosão!...
Papagaio real, diz-me, quem passa?
--É alguém, é alguém que foi à caça
Do caçador Simão!...
Claro, até pela coragem convenhamos...
ReplyDeletepasou o tempo dos poetas satiricos? junqueiro, leal, etc... é pena!! a poesia e a luta politica estão mais pobres...
ReplyDeleteReleia o Alexandre O'Neill e o Cesariny, leia o Alberto Pimenta e muitos poemas do Nuno Júdice. E num registo mais "elevado" (só questão de estilo, não de qualidade) o excelente livro de Hélia Correia "A Terceira Miséria". E o Manuel Gusmão, não muito fácil de ler, mas vale a pena...
ReplyDeletehá um poeta eventualmente não muito considerado, mas que pode ser incluido nos realmente satiricos, josé fanha.
ReplyDeletebem, lembro agora um bom poeta satirico, um mestre na arte de versejar, e no meu caso muito gosto do ler ou ouvir, josé carlos ary dos santos, cujas obras completas são da caminho. um bardo, um improvisador mesmo, no livro autobiografico de rita ferro descreve-se uma cena de troca de quadras improvisadas entre fernanda de castro e jcads, aliás grande amigo tambem de natalia correia,esta grande poeta tambem e dedicada ao satirico tambem.
ReplyDeletenesta linha de poetas temos ainda josé afonso cuja poesia, e falo da que não foi cantada, não é de desprezar. e concordo com o o'neill, um poeta satirico e cheio de humor, e que o cesariny faz rir quando blasfema e fala do espirito santo, etc, e os outros citados, de helia não denti afinidade, mas mas deve haver outros, mas os mestres do poema satirico-politico dos secs 19 e 20 são de facto leal e junqueiro, deve haver outros e decadas antes houve os tolentinos, o garção, etc, magnifico uma boa satira, etc atc
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ReplyDeleteÓ minha querida senhora,
ReplyDeletea censura já cá manda!
Veio com a longa tesoura
e pôs-me de cara à banda!
A paródia do Junqueiro
era forte para caramba!
E este seu companheiro
sentiu-se na corda bamba...
Mande mais uns poemas,
acredite que são bons!
Bem oportunos nos temas
e acertados nos tons.
Mas, ai de mim, a Censura
tomou conta do meu estro.
Tornou-me de uma brandura,
vós diríeis... de cabresto!
a) Alcipe
Cansada e triste a velha senhora responde:
ReplyDeleteamor ay mi amor
no puedo ni te creer
armado administrador
servindo o desprazer
brinquei tentei o humor
o rir não sei conter
junqueiro é bem pior
cortada pla censura
que triste desventura
a minha e a de um país
que muito mais que eu diz
não pode é escrever
beber pode beber
até cair na fossa
amor meu bem à nossa