Wednesday, August 15, 2012

Soneto de despedida

Esperanças de um maior contentamento
por uma areia fina deslizaram
e fez-se em cinza fria o sentimento
e em breve nossos passos se enredaram

na dúvida de ser de outra maneira
o que por uma vez escrito ficara:
medo de despertar à tua beira
e ver logo desfeita nossa amarra.

Num barco sem timão e sem sentido
meu olhos se perdiam de mais ver
o teu corpo já meio adormecido
e a nossa despedida por viver.

Cedo de mais se faz a despedida
quando se dá a esperança por rendida.




3 comments:

  1. Este poema tocou-me particularmente, talvez porque perda e esperança tenham sido sempre os caminhos que me foram dados percorrer sem, contudo, os escolher.
    Mas percorrê-los sem desfalecer ou me amargurar, isso, sim, foi escolha minha...

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  2. Que bonito , o soneto.(Ainda estou a digerir)
    Que boa escolha a da nossa amiga "Helena",não deixar cair os braços.

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  3. algo me lembra vinicius:
    e fez-se em cinza fria o sentimento / Cedo de mais se faz a despedida.
    com isto não estou a reduzir mas a valorizar este soneto de que gostei por ele mesmo e por me ter lembrado um outro poeta de que gosto: de repente da calma fez-se o vento /
    e da paixão fez-se o pressentimento, etc

    soneto de esperança ou de desesperança?

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