DECLARAÇÃO DE AMOR À LÍNGUA PORTUGUESA E AOS SEUS POETAS, COM VERSOS DE CAMÕES E DE DAVID E UM GOLPE DE ASA DE SÁ-CARNEIRO
feitas só de ternura amarrotada,
palavras que passaram pela vida,
a vida feita verso ou quase nada.
Era durar de amor na alegria
de dizer a promessa apaixonada
e em palavras fazer o novo dia
nascer nos grandes olhos da amada.
Sentimos que na língua foi sentido:
porque tantos poetas inventaram
as palavras do amor num golpe de asa,
que quero eu mais ganhar que ser perdido,
perdido nas palavras que criaram
o desenho do amor e a sua casa?
(publicado hoje no JL)
Salut, poeta.
ReplyDeleteE que declaração tão justa, além de bonita.
ReplyDeleteAo quinto bocejo, acordou, a palavra tinha alma, vinha de alguém que sabia chegar aos ouvidos mesmo sonolentos e cansados, entrou como quem mata sede e embalou a indiferença que sorrindo cedeu o lugar à escuta ativa. Finalmente um Poeta...
ReplyDeleteLindo e comovente!
ReplyDeleteCantar o amor assim, convence que vale sempre a pena vive-lo.
Correspondido ou não. Porque senti-lo é, por si só, compensação.
já agora podia se acrescentar eugenio de andrade
ReplyDeletePatrício Branco, qual é a citação de Eugénio de Andrade feita neste poema? Não dei por ela.
ReplyDeletefoi coincidencia de palavras, por isso ele não figura no título do soneto, mas eugenio de andrade organizou uma antologia a que deu o titulo de memórias de alegria.
ReplyDeleteAssim, ao começar a ler a declaração de amor identifiquei essas palavras como de eugenio de andrade.
"E tudo quanto olhava e quanto via
ReplyDeleteeram tudo memórias de alegria"
(Camões, "Os Lusíadas", episódio de Inês de Castro)
O título de Eugénio de Andrade é uma citação expressa de Camões.
obrigado pelo esclarecimento. o livro de eda nunca o li, apenas tenho presente na memória o titulo que é portanto uma seta para os lusiadas.
ReplyDeleteidentifico camões, dmf e msc em algumas passagens ou versos mas agora percebo que o soneto deve ser na sua totalidade uma colagem de palavras desses 3 poetas.
é evidente que escrita e leitura são 2 realidades distintas e o leitor tem a sua parte de interpretação ou descoberta dum poema publicado que entretanto se emancipou do autor que o criou.
Seria um exercicio interessante detectar verso por verso o que é de cada um dos 3, embora a sua leitura seja mais que isso. Gostei do seu soneto.
Caro Patrício Branco
ReplyDeleteIsso queria eu, fazer um soneto com colagem completa! Não, há apenas dois versos de Camões, um de David Mourão-Ferreira e a expressão "golpe de asa" do "Quase" de Mário de Sá Carneiro.
Jogo: quer identificar os três versos citados?
entro eu no jogo, if i may:
ReplyDeleteo 2º verso é quase DMF in 'Ternura';
o 1º e o 12º são puro Camões.
pas trop difficile, penso eu de que...
a)franquelino da motta
vou tentar...identifico palavras e expressões, temas, mas versos não propriamente, a ver, leva tempo...
ReplyDelete3 versos e 1 expressão, mas tambem versos à maneira dos 3 poetas.
ReplyDeleteternura amarrotada/ assim como /e sentimos que na lingua foi sentido/ são muito dmf.
Era durar de amor na alegria / nascer nos olhos da amada/ e que quero eu mais ganhar que ser perdido/ são camões ou à maneira de camões.
e em palavras fazer o novo dia, podia ser dos 2.
msc não o conheço bem mas está em minoria.
a influencia mais forte é claramente a de camões.
Dificil, desisto, a poesia posta assim fica misturada no tempo e confundem-se poetas separados por 400 anos, o que aliás diz muito da intemporalidade da poesia.
Podemos então dizer que o soneto é uma brevíssima antologia da poesia portuguesa associando poetas de 4 épocas diferentes, considerando tb o autor.
Franquelino da Motta acertou em cheio! Bravo!
ReplyDeleteVolte, Franquelino!
Ai este Franquelino que é primo do Feliciano, mostra bem a qualidade familiar.
ReplyDeleteJá que não fiquei com o último podia ficar com o primeiro.
Sabe ao que ele se dedica para além da poesia?