Sunday, March 25, 2012

Timtim no dia de poesia do CCB

- Bom dia, que bom ter vindo.  Dirija-se ao welcome desk para saber a que horas é a sua leitura.
- Então como vão as coisas lá na Índia?
- Sim, separei-me, foi já há cinco anos, não sabias?
- Não queres ir à sala Fernando Pessoa ler um poema de Jorge de Sena? Ou à sala Jorge de Sena ler um poema de Fernando Pessoa?
- O senhor foi embaixador onde? Deixe-me escrever, para dizer na apresentação.
- Não se lembra de mim? Conhecemo-nos em Aveiro, nos Encontros de Poesia, em 2001.
- Quantos anos esteve sem publicar?
- Estive à sua procura para me dar um depoimento para a televisão, mas soube que não vivia cá.
- Até já, tenho de ir apresentar os poetas colombianos.
- Ah, publicou um livro o ano passado?
- Quando puderes vai ao nosso espectáculo de poesia infantil, gostávamos de te ver.
- Então encontramo-nos em Paris para a semana? O quê, já lá não está?
- E eu a pensar que era a única pessoa escandalizada com o welcome desk.
- Continua no Brasil?
- Já saíram daqui, foram para a sala Fernando Pessoa ler Jorge de Sena.
- A nossa filha reagiu muito bem à nossa separação.
- Fico muito contente por ter gostado do meu livro.
- Viu o ministro?
- As crianças das escolas vieram ler montagens de poemas.
- Já retirámos o welcome desk. Realmente é verdade, pode dizer-se recepção.






2 comments:

  1. No minimo estimulante conseguir direcionar o dominio de atenção em várias frentes, o grau de abstração que os poetas conseguem é fascinante permite-lhes andar voar e nadar...

    ReplyDelete
  2. Ó Alcipe malvado só o meu amigo me fazia rir no dia em que morreu Tabucchi.
    Eu sei que o mundo anda louco mas este seu texto lembra-me os Monty Python!

    ReplyDelete