UM POEMA FORA DO TEMPO
as cidades vazias, nossos rumos sem norte.
Tudo em nós se fechou numa concha tão fria
que ninguém sabe mais esconjurar sua sorte.
Tudo em nós se fechou e ficamos parados
à espera que nos chamem para o desconhecido.
A alegria fugiu com os cavalos alados
e cerca-nos a cinza de um horizonte ferido.
É agora que o grito faz falta no verso,
é agora que o riso e a música são
necessários à vida como o respirar certo
da criança que dorme ou a côdea no pão.
Um soneto não serve para coisa nenhuma:
se não há mais tribunos, seja então testemunha!
Divinal...Parabéns
ReplyDeleteAnd or but
Nothing gold can stay.(Robert Frost: 1923)
Alcipe meu caro, mas se só há tribunos... E tanto que precisávamos dos testemunhos de testemunhas!
ReplyDeleteFico preocupada quando um homem
ReplyDeletedo mundo
culto,viajado e poeta
vai deixando sinais de alerta
outras fez desalento
e tento
entender nas entrelinhas
o que ele sabe ou adivinha
e que queima em fogo lento...
Talvez no fundo
eu só queira adiar o pensamento
para o dia em que este Outubro
pleno de calor e afrontamento
também ele caia em si
e descubra que é cinzento
Leio de novo e pergunto
E a cantiga?
"A cantiga é uma arma"
Lembra-se?
A ERA UMA VEZ : eu só sei que cada vez sei menos...
ReplyDeleteA HELENA : e quem testemunha pelo testemunho?
Meu caro Alcipe
ReplyDeleteQuando se puder fazer uma História sem sanções ou qualificações "disto" ou "daquilo", tenha a certeza que esses testemunhos aparecerão.
Penso em cartas, penso em diários, penso até em livros escondidos em gavetas, de gente que desistiu.
Não é por mero acaso que a história divulgativa e as biografias têm hoje tanta procura.
Dou-lhe um exemplo. Tinha de Françoise Giroud uma imagem que vinha do conhecimento da obra e daquilo a que assistira na sua carreira. Acabo de ler um livro sobre ela, escrito pela enteada. Tenho agora uma visão mais completa.
Só tempo nos ajuda a compreender o passado, se o não julgarmos com os olhos do presente...