Monday, October 3, 2011

Outrora agora

ESTES DIAS ROUBADOS AO TEMPO

Os dias de hoje oferecem-nos o sol
como um sorriso de piedade sobre a nossa errância.
Sentemo-nos na esplanada mais próxima,
as raparigas de que falam os poetas
não vieram, mas estas mulheres mostram de si
o bastante para nos bastar. Então, fica sentado

e reflecte um pouco e vê que nada se perdeu,
apenas porque na verdade nada ganhaste
desde que há vinte anos atrás, nestas mesmas esplanadas,
vias acudirem as raparigas de que falam os poetas
e os cafés acendiam nas conversas pontos luminosos
de que te não lembras mais.

Alguns poemas? Pobre de ti,
admitamos que sim.
Olha como o sol faz agora brilhar todas as coisas
e permite que esqueças mansamente
a tua juventude.

Alguém como tu outrora atravessa a rua
a sorrir.


2 comments:

  1. somos nós
    que lembramos à juventude
    a impossibilidade do esquecimento
    Somos nós
    Que lhe aquietamos a quietude
    sem a deixar fenecer no seu momento
    somos mesmo nós
    porque estamos cheios de medo
    de a refazer agora sem segredo
    no eco da voz
    de sermos sós

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  2. Este é um dos poemas mais lindos e tristes que li ultimamente. Ó Pipe, vamos para a Índia, que aquela bagunça maluca cura tudo isso!

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