É que eles existem! Não são velhas figuras fantasmagóricas, tal como aparecem no filme "A Dama de Chandor" de Catarina Mourão (um mau retrato de Goa, ao contrário do filme de Catarina Portas e Inês Gonçalves, "Pátria Incerta"), ou relíquias do passado, como as descreve William Darlymple.
Têm esse lado saudosista e arcaizante: mas têm também uma geração nova, interessada e interessante. Têm emigrantes em todo o mundo. Têm uma curiosidade intensa pelas suas origens.
São uma élite? Mas então quando pensamos na Índia só pensamos nos camponeses do Bihar? São minoritários? Mas neste extraordinário país, quem não é afinal, de uma ou outra maneira, minoritário?
São mal conhecidos e mal apreciados pelo pensamento politicamente correcto pós colonial, que rejeita misturas de raças e de identidades, chegando assim objectivamente a posições paradoxalmente próximas dos fanáticos identitários...
São rejeitados pelo pensamento global dominante, que impôs a superioridade anglo-saxónica a todo o mundo, rejeitando as colonizações espanhola e portuguesa para a "lenda negra" e as colonizações francesa e holandesa para o esquecimento...
O seu afecto por Portugal incomoda alguns puristas que vivem ainda nos anos 60! Não é o caso do governo indiano, que se congratulou, em declaração pública do seu Primeiro Ministro, com o legado que constitui para a Índia "the Portuguese heritage in Goa, Daman and Diu".
(Uma editora norte americana de "African Literature" recusou publicar Mia Couto e Luandino Vieira como autores africanos ... pela cor da pele!).
Amanhã continuo...
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