Quando jovem, escolhi uma profissão ( para a qual fiz concurso de provas publicas) que me atraia por ser uma tarefa altamente política sem ter implicação partidária. Nao que eu seja apartidario, simplesmente nunca tive jeito para a vida dos partidos.
Meu avo adorou a ideia, meu pai achou a minha escolha uma aposta tao boa como outra qualquer e meu tio, já resignado com o meu mediocre destino de nunca vir a ser um doutorado e futuro catedrático de Direito, apenas me disse que nunca conseguira entender bem o que os diplomatas faziam.
Fico perplexo hoje, quase no fim da carreira, ao dar-me conta que os políticos do meu pais, incluindo alguns dos meus melhores amigos, sentem e manifestam um indisfarcavel desprezo por esta profissão que eu escolhi. Agora e tarde para voltar atras. Provavelmente meu tio tinha razão.
Essa perplexidade tem-me levado a trazer para este blog textos literários sobre a vida diplomática e as suas servidões e grandezas. Mas olhando para trás ( sem raiva) penso que gostei do que fiz no meu percurso profissional. E certo que gosto muito mais da familia que tive e escolhi, dos meus filhos e tambem dos meus versos (la vira um novo livro para o ano, se tudo correr bem). Mas nao e por a alma ser pequena ou grande que a gente diz se valeu ou nao a pena. Hoje a nossa sociedade olha para os diplomatas (que julga poderem ser substituídos por agentes comerciais) como Trotsky em 1917 olhava para a diplomacia ( "do ponto de vista da Revolução, so tenho que publicar os tratados secretos e fechar as embaixadas "). Nao, verdadeiramente so valeu a pena por nos próprios. E por uma coisa em que acreditamos que se chamava Portugal.
Meu avo adorou a ideia, meu pai achou a minha escolha uma aposta tao boa como outra qualquer e meu tio, já resignado com o meu mediocre destino de nunca vir a ser um doutorado e futuro catedrático de Direito, apenas me disse que nunca conseguira entender bem o que os diplomatas faziam.
Fico perplexo hoje, quase no fim da carreira, ao dar-me conta que os políticos do meu pais, incluindo alguns dos meus melhores amigos, sentem e manifestam um indisfarcavel desprezo por esta profissão que eu escolhi. Agora e tarde para voltar atras. Provavelmente meu tio tinha razão.
Essa perplexidade tem-me levado a trazer para este blog textos literários sobre a vida diplomática e as suas servidões e grandezas. Mas olhando para trás ( sem raiva) penso que gostei do que fiz no meu percurso profissional. E certo que gosto muito mais da familia que tive e escolhi, dos meus filhos e tambem dos meus versos (la vira um novo livro para o ano, se tudo correr bem). Mas nao e por a alma ser pequena ou grande que a gente diz se valeu ou nao a pena. Hoje a nossa sociedade olha para os diplomatas (que julga poderem ser substituídos por agentes comerciais) como Trotsky em 1917 olhava para a diplomacia ( "do ponto de vista da Revolução, so tenho que publicar os tratados secretos e fechar as embaixadas "). Nao, verdadeiramente so valeu a pena por nos próprios. E por uma coisa em que acreditamos que se chamava Portugal.
"Do que fiz", escrito no passado. E continua a amargura pelo não reconhecimento alheio pela sua entrega e dedicação.
ReplyDeleteMas sabe, mágoas não pagam dívidas, e, por isso, para a frente é que é caminho. E muitos são sempre os caminhos.
Todos nós …
ReplyDeletetemos continuamente necessidade de reconhecimento , de elogios. São-nos tão necessários como o alimento e água.
E devemos tê-los, vindo apenas de pessoas que para nós são importantes, ou de instituições adequadas para o fazerem.
Podemo-nos empenhar profundamente, realizar uma tarefa difícil, ter êxito, ser aclamados por todos,
mas não por aqueles que desejaríamos que o fizessem.
Estes sabendo isso , negam-nos de propósito a sua aprovação, para nos fazerem sofrer, para nos manterem dominados, para verem explodir de raiva ou chorar de impotência.
POR VEZES
…o poder de dar reconhecimento e elogios é essencialmente um poder negativo, um poder que faz sofrer.
É incrível o abuso que todos nós fazemos deste poder.
É incrível a quantidade de vinganças que praticamos desta forma silenciosa, não agindo, não fazendo.
É incrível a quantidade de inúteis sofrimentos que infligimos aos outros.
Há nas escolas, muitos professores que, durante todo o ano, não são capazes de dizer pelo menos uma vez “muito bem” a um aluno que se tenha esforçado por melhorar e que está pendente das suas palavras. E estão convencidos de que isto é rigor, seriedade, mas é apenas um desabafo dos seus rancores contra alguém mais fraco.
Há dirigentes que andam sempre carrancudos, a quem nada corre bem, que mantêm toda a gente em estado de profunda incerteza .
E sentem-se poderosos, intocáveis, sublimes.
Há uma embriaguez da prevaricação, do poder sem regras, do arbítrio impelido pela inveja.
E há também épocas infelizes
em que este tipo de malvadez se acentua, em que todos se
dedicam a criar dificuldades aos que agem,
ao ponto de até os melhores frustrados,
desistirem esgotados, não pelo trabalho,
mas sim pelas lutas estéreis travadas contra os invejosos…
Francesco Alberoni
Não sei se serve para alguma coisa , mas eu tenho a melhor impressão e o maior respeito pelo trabalho de quem representa Portugal com dignidade.
ReplyDeleteComo aliás sei que é o caso.
Isabel, o meu problema nao e ter falta de elogios pessoais, na nossa sociedade de elogios e respeitinhos mútuos isso e facil e nada custa nem vale. O que me revolta e a profunda falta de reconhecimento, desprezo, humilhação de quem serve o Estado, entre os quais esta minha classe profissional, facil de invejar e de ridicularizar.
ReplyDeleteDesprezo e humilhação que nao vem forçosamente so da direita, vem tambem de alguns amigos socialistas que querem mostrar ao povo que sao moderados, rasgando, nao os seus próprios privilégios, como a aristocracia francesa em 4 de Agosto de 1789, mas sim ... os rendimentos dos outros!
ReplyDeleteÉ... Tem razão.
ReplyDeleteSurpreendente a sua surpresa...
texto para reler e comentar mais tarde, agora não, sim tudo vale a pena, a partir de agora já não sei, que farão desta profissão, bem, quem a exerceu em tempos normais que se considere satisfeito e a rememore, é riqueza de vida e trabalho que não perdeu nem perde, quem vier agora, que seja como seja, sim há uma embriaguez da prevaricação, do poder sem regras, do arbítrio impelido pela inveja...etc etc etc
ReplyDeleteTens razão, sem dúvida.
ReplyDeleteMas os teus amigos socialistas, "que querem parecer muito moderados" são mais factor de irritação do que realmente representativos. Acham que o mainstream paga dividendos e, por isso, fingem acreditar no novo-riquíssimo financeirista que tinta, infelizmente, a ideologia dominante.