Thursday, April 25, 2013

Os derrotados de Abril


Preferiam a guerra, os anos de cinza,
a morte devagar distribuída
e os muros pintados a cal.

E eles pensam : terá voltado a nossa hora?
Mas é tudo tão diferente.
O dinheiro nunca teve cor, mas agora
não tem mundo nem maneiras.

Seja como for, por caminhos ínvios
ou por mecanismos que não se entendem,
mas que filhos de gente conhecida explicam,
ainda que fiquemos sem o nosso dinheiro,
o importante é que os pobres vão perder a grimpa
e o arrojo:
o nosso tempo voltou.




5 comments:

  1. Certissimo! O nosso tempo está voltando.....
    Carmen

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  2. Um poema em que as palavras têm o gosto seco da cinza. Lê-se e fica o incómodo.

    Os poetas conseguem sempre gravar para além do tempo os tempos que passam e estes são, sem dúvida, tempos de cinzas.

    Mas, às vezes, das cinzas renasce o fogo (e quem sabe se não é o fogo de Abril e não o de antes de Abril...?)

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  3. A velha rimalhadeira tenta eufemizar - diz-me com raiva - os palavrões que lhe enchem a cabeça e lhe perturbam a celebração do 25 de Abril e a fruição do Alvarinho:

    o vosso tempo voltou?
    voltai vós é pró trabalho
    carago porra ou merda ou
    peçonha - que eu mal rimalho
    de raiva com que aqui estou
    pla grimpa que vos ficou

    não perdeis não pla demora
    é hora de irdes embora
    que é nosso o tempo de agora

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  4. tudo volta, mas os protagonistas agora são outros, embora venha tudo a dar ao mesmo

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