Preferiam a guerra, os anos de cinza,
a morte devagar distribuída
e os muros pintados a cal.
E eles pensam : terá voltado a nossa hora?
Mas é tudo tão diferente.
O dinheiro nunca teve cor, mas agora
não tem mundo nem maneiras.
Seja como for, por caminhos ínvios
ou por mecanismos que não se entendem,
mas que filhos de gente conhecida explicam,
ainda que fiquemos sem o nosso dinheiro,
o importante é que os pobres vão perder a grimpae o arrojo:
o nosso tempo voltou.
Certissimo! O nosso tempo está voltando.....
ReplyDeleteCarmen
Um poema em que as palavras têm o gosto seco da cinza. Lê-se e fica o incómodo.
ReplyDeleteOs poetas conseguem sempre gravar para além do tempo os tempos que passam e estes são, sem dúvida, tempos de cinzas.
Mas, às vezes, das cinzas renasce o fogo (e quem sabe se não é o fogo de Abril e não o de antes de Abril...?)
Admirável, como sempre.
ReplyDeleteA velha rimalhadeira tenta eufemizar - diz-me com raiva - os palavrões que lhe enchem a cabeça e lhe perturbam a celebração do 25 de Abril e a fruição do Alvarinho:
ReplyDeleteo vosso tempo voltou?
voltai vós é pró trabalho
carago porra ou merda ou
peçonha - que eu mal rimalho
de raiva com que aqui estou
pla grimpa que vos ficou
não perdeis não pla demora
é hora de irdes embora
que é nosso o tempo de agora
tudo volta, mas os protagonistas agora são outros, embora venha tudo a dar ao mesmo
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