Tuesday, November 27, 2012

Meditação taciturna

A produção da alegria não foi encarada
por nenhum plano.
Os mercados não investem na alegria:
o sangue, o suor, as lágrimas,
já não como matéria de heroísmo,
mas como modo de legitimação moral
da especulação financeira,
tais são os produtos convenientes
ao desequilíbrio constante
em que assenta o capitalismo.
Será esta a verdadeira revolução permanente?

4 comments:

  1. Um belo exemplo de como a Poesia pode descrever a realidade e ao mesmo tempo transfigurá-la através da Beleza.

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  2. Ó Alcipe, mas será que existem regimes políticos que investem na alegria?
    O poder não é, ele mesmo, a expressão da autoridade? E onde está a alegria de a exercer? Ou até de lhe obedecer?
    A alegria não será, antes, um investimento pessoal, uma busca individual que pretende tirar da vida essa suprema manifestação do existir?

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  3. AVENTURA BOLSISTA

    Certo dia o PSI VINTE
    cansado de estar fechado
    saiu da BOLSA mascarado de "senhor"

    passou na tabacaria
    olhou revistas jornais
    tanta gente cor de rosa
    famosos sexys felizes
    algumas histórias de amor
    afirmações de ministros
    e outras mentiras mais

    dois homens engravatados
    discutiam os SPREADS
    ACÇÕES RATINGS FUTUROS
    e até falaram de si
    que subia...escorregava
    quem sabe recuperava
    ali mesmo nesse dia...

    e o NASDAK Santo Deus
    sempre sempre a persegui-lo
    era uma sombra maldita
    gigante contra golias
    e claro a engoli-lo...

    Se as notícias eram boas?
    Não percebeu...ninguém falou de pessoas

    Eram horas de voltar
    sentiu tamanha ansiedade
    que se sentou ali mesmo
    num banco daquele jardim
    (ah que banco acolhedor)

    dormitou
    e não é que foi sonhar
    com alguma comoção
    que a BOLSA tinha acabado
    não seria nunca mais
    um PSI avaliado
    nem teria cotação...

    ali perto...no fim da tarde de Outono
    os pombos e os pardais saltitavam felizes debicando...debicando...




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  4. Sr. Embaixador

    Estou encantado com a actualidade do seu poema e com a rara, raríssima ironia da história do psi vinte que aqui foi contada pela sua habitual comentadora.

    Maravilhosas e tristes metáforas

    É sempre bom passar por aqui. Paragem obrigatória.

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