"Apenas na morte amamos os nossos irmãos. Bem no sabeis todos vós, os que cuspis um veneno inútil sobre a amargura de outrem contra vós, sobre a opinião diferente, a cor que não preferis, a pátria que desdenhais. Que é esta aversão, este panfleto, senão uma condenação à morte, um voto para o fim de algo que não sois vós, não vos corresponde ou acerta com o vosso eu? Eis porque, quando o homem morre, logra então começar a viver na sua dignidade mais pura; amam-no então, uma vez que se diluiu a bélica estabilidade da sua imposição vital. Ele participa desse privilégio de que se exclui o efémero, não é já prisioneiro da corruptora fraude do tempo(...). Os mortos são populares porque não mudam."
(Agustina Bessa Luís, "A Muralha")
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
essa prosa da agustina, pomposa, barroca, cheia de floreados por fora, mas vazia (de conteudo) por dentro. Uma capa dourada numa caixa vazia por dentro.
ReplyDeletePor isso mesmo, nunca consegui passar (salvo 2 ou 3 excepções que me confirmam a regra) do meio dum romance da agustina, canso-me dessa torrente de maximas e conceitos que esprimidos nada dão de sumo.
Voltei a tentar este verão com a corte do norte (as 1as páginas são belíssimas, depois foi a desilusão) mas perdi-me nesse labirinto cada vez mais enredado e caótico e novamente desisti de terminar a leitura.
Já agora, o poema de eunice de sousa na entrada anterior diz algo tambem sobre forma e fundo, pondo de parte o continente (poeta) e valorizando o conteudo (a poesia).