Saturday, January 2, 2010

Um poeta : Vítor Nogueira


A alvorada faz tremer o Castelo. Nuvens
de cinza tapam o céu. Ao princípio
até custa respirar. E depois o vento começa.
E depois o sol aparece, perfura devagarinho.
Isto não é nada que se planeie, não é
o sonho que tivémos na infância.

No grande vale há espaço para tudo.
A verdade, no entanto, é que passamos
demasiado tempo curvados. Serventes,
calceteiros, batedores de maço.
Também eu fui o mais novo do meu grupo.
De repente, deixou de ser assim.

Mas vai correr tudo bem.
Palavra de irmão mais velho.

(do livro de Vítor Nogueira, Mar Largo, ed. &etc, 2009. Notável!)

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