Wednesday, January 27, 2010

Googlemus igitur...

O meu amigo Paulo Varela Gomes sustenta que o Google nos conduz à imbecilidade, pela preguiça mental que favorece.

Ora bem : outro dia, tinha eu acabado um destes posts mais eruditos, com citações para deslumbrar os meus escassos leitores, quando uma grave dúvida me veio abalar - o Eliot, esse, o T.S., tinha escrito irreal city ou unreal city?

Se o Google não existisse eu teria tido que:

- descer do quarto à estante da poesia

- procurar o volume das obras completas do Eliot na desordem dessa estante

- encontrar o verso (da Waste Land, claro, diz o sábio leitor, mas eu não me lembrava então se era dali ou dos Four Quartets)

- irritar-me por não encontrar o verso

- acabar por encontrar o verso

- tornar a subir as escadas para o quarto e voltar ao computador

Nada disso : fui ao Google, "Eliot", "unreal city", um clique - e aí vem a Waste Land e o nevoeiro londrino e a festa toda...

Nesse caso, meu caro Paulo:

- a preguiça foi essencialmente física

- a imbecilidade estará, quando muito, em não me ter lembrado de qual o poema em que se insere o verso do Eliot; reconheço que é uma falha, mas há imbecilidades piores

- perdi talvez em não ter folheado uma vez mais o livro com as obras do Eliot, encontrando versos e brilhos aqui e ali : mas pude escrever mais depressa o meu post!

E viva o Google!


3 comments:

  1. Delicioso post.
    E não acredito, de todo, que o Paulo não utilize o Google. Por mim, se a ele não recorresse, seria bem mais ignorante do que sou. Acredito, contudo, que fosse mais feliz...
    :))

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  2. Maravilhoso! Mas entre "- acabar por encontrar o verso e - tornar a subir as escadas para o quarto e voltar ao computador" faltou "- passar a noite em claro relendo Eliot"...

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