Saturday, October 31, 2009

Encruzilhada no Ganges, com Guimarães Rosa pelo meio

Se olhares as margens do rio,
nunca entenderás o seu curso.
Mas se mergulhares no rio,
nunca chegarás à terceira margem.

Detenho-me junto ao rio,
como diante do sinal luminoso
antes de cruzar a avenida.
Não há apenas aqui dois caminhos.

Nunca há só dois caminhos:
o Bem e o Mal estão contidos no mesmo forno
que coze a escassa farinha.
Ficar na margem? Entrar no rio?

Detenho-me no cais.
As piras estão acesas,
despedimo-nos aqui.


2 comments:

  1. Prezado Alcipe, que belíssima mistura e que bem me cala esta estranha poética.

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  2. Minha cara amiga, como é bom ter leitores assim!

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