Saturday, October 25, 2014

E lucevan le stelle (2)


                                   E  LUCEVAN  LE  STELLE



Demorava a respirar entre os arbustos. E brilhavam as estrelas.
Os cães que o perseguiam, cães da morte,
perdiam-se na névoa de mais longe.
Podia respirar entre os arbustos,
com a estrelas a brilhar por sobre nós.

Quem nos dá caça? Onde brilha, rápido,
o fulgor dessa lâmina assassina?
Podia recompor-se, levantar-se,
sair de entre os arbustos e a noite,
interrogar os ecos de mais longe.

E brilhavam as estrelas. Como vinho
levava à boca as luzes estremecidas,
a música de um sonho meio esquecido,
as perdas de uma vida.

(de Outras Canções, Quetzal, 1998)

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